Civilização ou barbárie

Postura de alguns militares e membros do Judiciário são risco à democracia, diz Feijóo

Comentarista político considera que “momento delicado” pede participação dos partidos de esquerda e da “direita civilizada” em repudiar ações que contrariem a legitimidade democrática

Arquivo EBC/Reprodução

Para José Lopes Feijóo, a democracia brasileira vive, desde 2016, um estado de exceção

São Paulo – As declarações feitas pelo comandante do Exército, general Eduardo Villas Bôas, ao jornal O Estado de S. Paulo de domingo (9), criticando o registro da candidatura de Lula è Presidência e colocando dúvidas sobre a estabilidade do futuro governo, contrariam, na análise do comentarista político e ex-presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, José Lopes Feijóo, os limites constitucionais que subordinam as Forças Armadas aos Três Poderes do Brasil.

Em entrevista ao jornalista Glauco Faria, na Rádio Brasil Atual, na edição desta segunda-feira (10), Feijóo acrescentou à escalada de interferências no processo eleitoral, as recentes decisões do Judiciário também do domingo (9). O ministro do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Luís Roberto Barroso, proibiu o aparecimento do ex-presidente Lula como candidato ou apoiado por outros políticos nas peças de propaganda eleitoral e a presidenta do TSE, ministra Rosa Weber, negou o pedido do PT em prorrogar o prazo, por mais seis dias, para uma eventual troca da candidatura presidencial.

“A democracia brasileira, que já vem vivendo um estado de exceção desde o golpe em 2016, agora, pelas declarações e atitudes de uma parcela do Poder Judiciário e dos militares, está definitivamente em risco”, afirma o comentarista político. Ele enxerga no atual cenário a ascensão do que classifica como “piores práticas políticas e do fascismo” e critica a falta de atitude de partidos da esquerda e da “direita civilizada” do país em repudiar os comentários dessa natureza antidemocrática. 

“Se as vozes da sociedade que querem civilização e, não barbárie, não se levantarem, se os partidos não tomarem a decisão de reencaminharem essa campanha para o que ela deve ser, uma disputa de ideias e projetos para o Brasil seja qual o projeto for, e defendam acima de tudo a legitimidade da democracia, o Brasil está correndo um sério risco”, adverte Feijóo.

Ouça a entrevista completa:

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