tiro na água

‘Globo requenta delação de Palocci para interferir nas eleições’, diz Dilma

Às vésperas das eleições de outubro, em dia de divulgação de pesquisa eleitoral, emissora repete estratégia de tentar minar candidaturas do PT a partir de vazamento de delações no 'Jornal Nacional'

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Para Dilma, Globo ressuscita Palocci, que de forma desesperada está disposto a tudo

São Paulo – A presidenta reeleita em 2014, Dilma Rousseff (PT), apresentou defesa em relação às “novidades” exibidas no Jornal Nacional de ontem (10), da TV Globo, com relação a delações do ex-ministro da Casa Civil e da Fazenda durante governos petistas Antônio Palocci. Ela acusa a emissora de “requentar” fatos a fim de interferir nas eleições de outubro. “Em todos os períodos eleitorais do qual a presidenta participou, a Rede Globo criou factoides a fim de atingir a imagem, a honra e a autoridade política de Dilma Rousseff.”

Preso desde 2016 após condenação em âmbito da Operação Lava Jato, Palocci tenta, desde 2017, abrandar sua pena, de 12 anos de prisão, por meio de delações premiadas. No mesmo ano, ele se desfiliou do PT. Em junho deste ano, teve seu acordo finalmente homologado pelo Tribunal Regional da 4ª Região (TRF-4). Desde então, em momentos chave da política nacional, a mídia corporativa vem soltando trechos de sua delação. Agora, às vésperas de novas eleições, o PT segue como o partido preferido dos brasileiros. É de se esperar mais fatos políticos contra o partido.

Foi o que aconteceu ontem. O jornal da TV Globo trouxe “novidades” da delação de Palocci, além de uma pesquisa Datafolha, primeira sem o nome do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, preferido dos brasileiros, que teve sua candidatura barrada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Agora, o partido tenta transferir os votos de Lula, que vinha apresentando possibilidade de vencer o pleito ao Planalto mesmo em primeiro turno, para o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad, que agora lidera a chapa com a vice Manuela D’Ávila (PCdoB).

O jornalista Ricardo Kotscho, que foi secretário de Imprensa de Lula, definiu a “bala de prata” de Palocci no Jornal Nacional como “um tiro n’água: ridículo”. Dilma reafirma que Palocci mente para tentar se livrar da prisão, o mesmo posicionamento do partido desde abril, quando começaram a expor o conteúdo da delação. “A Globo traz à tona uma nova declaração do senhor Antônio Palocci. Na verdade, ressuscita o senhor Palocci, que de forma desesperada está disposto a tudo, à mais deslavada mentira, à mais fantasiosa invenção para sair da prisão.”

Dilma ressalta que as declarações do ex-petista, “mais uma vez, são um testemunho sem provas, calcado em inverdades”. Para a ex-presidente, a intenção de Palocci é clara. “Nessa velha ‘delação implorada’, o senhor Palocci tem a mesma conduta mentirosa apresentada em outros depoimentos a autoridades da Polícia Federal e do Ministério Público Federal. Tudo com o propósito de obter um acordo que o permita deixar a prisão.”

Um dos pontos apresentados pelo jornal aponta no sentido da criminalização de ações de Lula e Dilma, quando ela exercia o cargo de ministra da Casa Civil, em orientações de fundos de investimentos da Previ, do Banco do Brasil. Ele afirma que Dilma “forçava a barra para os fundos investirem” no projeto da usina de Belo Monte, no Pará. Dilma responde: “A ficção de Palocci chega ao ponto de criminalizar a atuação dos ex-presidentes Lula e Dilma por orientar investimentos de fundos de pensão. Transforma uma ação administrativa em crime, de maneira irresponsável e criminosa. Difamação e injúria sistematicamente cometidas.”

A Previ também soltou uma nota sobre as acusações de Palocci. “A Previ declara que seus investimentos encontram-se de acordo com resoluções que dispõem sobre os recursos garantidores os planos administrados pelas entidades fechadas de previdência complementar”.

Outro tema abordado pela Globo foi a acusação de Palocci de que Lula e o ex-presidente da França Nicolás Sarkozy teriam interferido de maneira inadequada em negociações de caças para a Aeronáutica brasileira. Acontece que tais negociações nem sequer se concretizaram. O trâmite foi finalizado cinco anos após Lula deixar o governo, e o acordo foi feito com uma empresa sueca, a Grippen, e não a francesa. “Daí que não se sustenta a ficção do senhor Palocci em torno de um pedido de propina nas negociações entre os governos brasileiro e francês”, completa Dilma.

Por fim, a ex-presidenta acusa a Globo de usar estratégia “repetida nas últimas três eleições, de macular a imagem dos ex-presidentes Lula e Dilma”. E que, “não surtirá efeito. Assim como em 2010 e 2014, a presidenta Dilma conquistou apoio do povo brasileiro e venceu duas eleições presidenciais. Lula tem sua liderança política reconhecida pelo povo brasileiro. Há, no mundo, um clamor por sua libertação. Lula é inocente e foi condenado sem provas. Por isso, nada poderá deter a vitória do PT nas eleições de outubro”, concluiu a ex-presidenta, que lidera as intenções de voto para o Senado em Minas Gerais.

 

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