Racismo

‘Ela foi destratada porque é mulher e negra’, diz Pedro Serrano sobre advogada

'Nos regimes autoritários no Brasil, sempre os primeiros a ser perseguidos são os advogados e as mulheres, em especial as negras', diz professor de Direito Constitucional da PC-SP

Lucas Vasques/Fórum

“Nos regimes autoritários no Brasil, os primeiros a ser perseguidos são os advogados e as mulheres”

São Paulo – “Ela obviamente foi destratada porque é mulher e negra. Fosse um homem branco, bem postado, com terno de marca, duvido que seria destratada.” A opinião é do advogado Pedro Serrano, professor de Direito Constitucional da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, sobre o caso da advogada Valéria Lúcia dos Santos, que foi impedida de exercer seu trabalho pela juíza juíza leiga (auxiliar) Ethel de Vasconcelos, no 3º Juizado Especial Cível de Duque de Caxias, e terminou algemada e jogada a força no chão por Policiais Militares.  

A Ordem dos Advogados do Brasil do Rio de Janeiro (OAB-RJ) pediu junto ao Tribunal de Justiça o imediato afastamento da juíza de suas funções.

“O país procurou evoluir com relação à impunidade dos crimes contra a administração pública, casos de corrupção etc. Mas nada se avançou em relação aos crimes cometidos contra o cidadão. Não temos uma lei de abuso de autoridade que seja segura”, diz Serrano, em entrevista a Rafael Garcia na Rádio Brasil Atual.

Segundo ele, “a maioria dos juízes dá um tratamento civilizado aos advogados. Houve problema de um abuso em relação aos direitos da advogada”. “Era uma advogada, mulher e negra. Nos regimes autoritários no Brasil, sempre os primeiros a ser perseguidos são os advogados e as mulheres, em especial as negras. Até a década de 80 não havia mulheres na Justiça estadual de São Paulo. Elas eram reprovadas na terceira fase do exame, que é a fase oral. Isso porque a Ditadura Militar atinge homossexuais, mulheres, negros.”

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