'Manual do Ditador'

Ciro diz que Bolsonaro e seu vice propõem ‘explicitamente’ um golpe de Estado

À Rádio Bandeirantes, candidato do PDT criticou declarações do adversário do PSL, que no fim de semana levantou suspeitas sobre a lisura das eleições e a proposta do vice Mourão de fazer nova Constituição sem participação popular

Reprodução/RB

Ciro acusou Bolsonaro de “segregar os diferentes” e querer “resolver na bala” questões que demandam diálogo

São Paulo – O candidato à Presidência da República Ciro Gomes (PDT) afirmou nesta segunda-feira (17) que Bolsonaro (PSL) e seu vice, General Mourão (PRTB), estão propondo “explicitamente” um golpe de Estado. Ciro também acusou Bolsonaro de, ainda no leito do hospital, de onde se recupera de um ataque a faca, tentar negar a legitimidade do pleito eleitoral deste ano, em referência a vídeo gravado neste domingo (16) em que o candidato cogita a hipótese de fraude eleitoral. 

Ciro disse que, em 2014, contestações desse tipo por parte de Aécio Neves (PSDB) – candidato derrotadoque se negou a reconhecer o resultado das urnas, pediu recontagem dos votos e depois embarcou no golpe do impeachment – criou instabilidade política e “produziu Bolsonaro”. 

Em entrevista ao Jornal Gente, da Rádio Bandeirantes, Ciro disse que Bolsonaro e Mourão seguem o “manual do ditador”, em referência às proposta de ampliação do número de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) – que Bolsonaro alega já ter desistido – e, mais recentemente, a ideia de se fazer uma nova Constituição sem participação popular, defendida por Mourão. 

Ciro disse que o voto em Bolsonaro é um recado contra o apodrecimento da política tradicional e o descanso no combate à violência, “que despertam o medo na sociedade brasileira”. Mas ressaltou que o candidato do PSL nega o diálogo, estimula o preconceito contra mulheres, negros, quilombolas, indígenas e população LGBT, quer “segregar os diferentes” e “resolver na bala”. 

Ele afirmou também que Bolsonaro só se mantém em primeiro lugar nas pesquisas devido ataque que sofreu. O pedetista também criticou o candidato do PT, Fernando Haddad, a quem chamou de “meu amigo”, por “não conhecer o Brasil”, e também por ter perdido as eleições para a prefeitura de São Paulo, em 2016, para João Doria (PSDB), agora candidato ao governo paulista, a quem Ciro classificou como “farsante”. Ciro disse que o Brasil não pode ter um “presidente por procuração”, e defendeu “liderança e equilíbrio” para tirar o país dos “extremos”.

Sobre o candidato Geraldo Alckmin (PDSB), Ciro disse que ele tem os “pés de chumbo” e não sobe nas pesquisas por conta do apoio do seu partido ao governo Temer, mas classificou o ex-governador de São Paulo como uma pessoa “serena e civilizada”, diferentemente de Bolsonaro, “que representa a barbárie”.

Ciro voltou a defender a proposta de refinanciamento das dívidas das pessoas, com o apoio do Banco do Brasil e da Caixa Econômica Federal, pois o consumo das famílias, segundo ele, é um dos principais motores para o reativamento da economia. “Garanto que vou retirar todos os brasileiros do SPC”. 

Ele também defendeu a federalização do combate ao crime organizado, e voltou a declarar que o facções como o PCC e o Comando Vermelho cresceram, e agora são responsáveis por uma onda homicídios em estados do Nordeste, porque “fizeram acordos com as autoridades, tanto em São Paulo como no Rio de Janeiro.”