Eleições 2018

Candidatos ao governo paulista recebem propostas de ONGs para mobilidade

Entidades elaboram carta defendendo investimento em metrô, planos de segurança viária, ações para atender ciclistas e pedestres e planejamento metropolitano

Marcelo D. Sants/FramePhoto/Folhapress

Investimentos em Metrô parecem ser prioridade para a maioria dos candidatos ao governo paulista, mas faltam metas

São Paulo – A falta de soluções para a mobilidade urbana está entre os problemas que mais afetam o dia a dia das populações urbanas do estado de São Paulo. Falta de segurança para pedestres e ciclistas, acidentes, longas esperas, trajetos demorados e lotação do transporte coletivo, constantes atrasos em obras e congestionamentos cada dia mais longos são alguns dos problemas de que mais reclamam ou afetam principalmente os paulistas, sobretudo na região metropolitana.

Sete organizações que reúnem ciclistas, pedestres e usuários de transporte coletivo elaboraram carta compromisso para apresentar aos candidatos ao governo, propondo medidas consideradas prioritárias para melhorar e tornar mais segura e eficiente a mobilidade.

As propostas incluem a criação de uma Autoridade Metropolitana de Mobilidade Urbana para trabalhar em integração entre operações, em undos para financiamento da mobilidade, política tarifária, metas, governança da autoridade e participação social.

Preveem também a elaboração planos de segurança viária para rodovias estaduais, principalmente em trechos urbanos, e de apoio a pequenos e médios municípios em ações de segurança viária. E, ainda, a criação de conselhos participativos para discutir e planejar a mobilidade.

As organizações sugerem a criação de um fundo estadual e que o orçamento priorize investimentos em transporte coletivo, vias para bicicletas e para pedestres. A modernização da malha do trens da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) tem destaque entre as demandas. Assim como a garantia de continuidade das obras de expansão do Metrô.

O documento propõe faixas exclusivas para o sistema de ônibus da Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos (EMTU) nas rodovias e a reorganização da rede em diálogo com os municípios para integrar tarifas e reduzir a sobreposição de linhas.

Em relação às políticas para incentivo ao uso da bicicleta, as organizações defendem: adequar as rodovias para o trânsito de bicicletas, conforme o Plano Cicloviário de São Paulo e o Código de Trânsito Brasileiro (CTB); integrar as bicicletas com o transporte coletivo, tanto no Metrô, quando nos trens e terminais de ônibus; e estabelecer uma política metropolitana de ciclovias, de forma que haja continuidade nos caminhos traçados. É considerado ainda fundamental que o governo estadual se alinhe aos municípios para garantir aos pedestres travessias e calçadas adequadas, inclusive em rodovias.

A Carta Compromisso com a Mobilidade Urbana Sustentável para São Paulo foi elaborada em consonância com a Política Nacional de Mobilidade Urbana (Lei federal 12.587/12).

O documento está sendo entregue aos comitês de candidaturas ao governo do estado e também para candidatos a deputado estadual. Participam da eleboração a Associação pela Mobilidade a Pé em São Paulo (Cidadeapé), Instituto de Defesa do Consumidor (Idec), Coletivo Metropolitano de Mobilidade Urbana (Commu), Associação dos Ciclistas Urbanos de São Paulo (Ciclocidade), SampaPé!, Instituto Aromeiazero, Coletivo Ciclistas de São José dos Campos.

O que dizem os candidatos

O candidato do PT ao governo paulista, Luiz Marinho, defende duplicar os investimentos na expansão do Metrô e entregar linhas cujas obras estão paradas. Também promete construir duas linhas de trens intercidades, escolhendo áreas de mais densidade populacional. Pretende ampliar o Bilhete Único Mensal integrando-o a todos os sistemas da Grande São Paulo e demais regiões metropolitanas e construir corredores de ônibus metropolitanos. Atualmente, só a região do ABC tem um corredor integrando as cidades com a capital paulista.

Herdeiro político do ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB), o candidato tucano ao governo, João Doria, mostra desconhecimento sobre a situação do transporte coletivo em seu programe de governo. Diz que pretende que São Paulo tenha 350 quilômetros de transporte sobre trilhos, considerando a CPTM e o Metrô. Hoje, já são 363 quilômetros. Doria também fala em conceder todas as áreas de transporte coletivo do estado à iniciativa privada, construir sistema de Veículos Leves sobre Trilhos (VLT) em outras regiões metropolitanas e construir um trem intercidades entre a capital paulista e Campinas.

Aliado de Alckmin, o atual governador e candidato à reeleição, Márcio França (PSB), pretende construir trens intercidades, mas sem definir quais os projetos prioritários. Promete concluir a implantação as linhas de trem e metrô que se integram com os aeroportos de Guarulhos, ampliar os investimentos em corredores de ônibus metropolitanos e incentivar os serviços de compartilhamento de veículos. Pretende instituir programas de redução da violência no trânsito e incentivar a mobilidade a pé e por bicicleta, além de reorganizar e delimitar funções complementares na integração entre metrô, ônibus intermunicipais e trens metropolitanos.

O candidato do MDB, Paulo Skaf, pretende priorizar a conclusão das obras em andamento, licitar novos projetos e avançar com novos projetos. Esses planos devem embasar a meta de chegar a 200 quilômetros de linhas de Metrô até 2026. Skaf também fala em melhorar a integração entre os sistemas de ônibus intermunicipais, trens e metrô, bem como investir mais em corredores de ônibus metropolitanos e VLTs. E pretende construir o primeiro trem intercidades, interligando a capital paulista com a cidade de Campinas.