eleições 2018

Boulos: ‘Não é com violência que vamos combater a violência’

Em debate realizado pela TV Aparecida, o candidato do Psol defendeu a democratização da mídia e a pacificação do país. 'Há uma bancada que se alimenta da violência, do medo e do ódio'

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‘Não queremos que o jovem tenha primeira arma, queremos que tenha primeiro emprego’

São Paulo – Após quase duas horas de debate entre candidatos à Presidência realizado hoje (20) na TV Aparecida, no interior paulista, o candidato do Psol, Guilherme Boulos, questionou Ciro Gomes (PDT) sobre o tema da democratização da mídia. Apesar de concordarem sobre a necessidade de quebrar oligopólios, discordaram sobre a efetivação. “Não temos capital político para enfrentar o oligopólio da mídia. Tasso Jereissati, senador tucano, é dono de emissoras no Ceará. ACM Neto, dono de emissoras na Bahia”, disse o pedetista.

“Não deixo de considerar a necessidade de democratizar a mídia. Acho que não temos força política para fazer. Se você se eleger, te ajudo nessa e seremos derrotados juntos. Minha ideia é facilitar o acesso, produção cultural e difusão. Financiar centrais sindicais, grêmios estudantis, cooperativas de jornalistas. A grande ferramenta é a distribuição de verba publicitária do governo. Temos que distribuir com equidade”, completou Ciro.

Boulos disse que é possível por meio da mobilização popular. “Seja quem for eleito, terá mais de 50 milhões de votos. É preciso chamar as pessoas para implementar o programa. Não podemos ficar reféns. Está na hora de pensar em governabilidade de outro jeito. A Constituição diz que não pode ter político com propriedade de concessão de rádio e TV. Collor tem TV, Jader Barbalho, a lista é extensa. Mais do que isso, é preciso valorizar TV pública e comunitária. Tem que ter comunicação pública e comunitária. Tem que ter comunicação como direito humano garantido para todos com liberdade, que é enfrentar monopólio e democratizar a mídia.”

Ciro, então, disse que apoiaria Boulos. “Se você for eleito, conte comigo nessa parada, mas continuo dizendo que não sei se temos capital político para isso. É possível mudar o cartel financeiro e quero guardar energias para isso. A mídia é um problema, mas não sou dos que não acredita na inteligência popular. Temos alternativas. Precisamos fazer da educação do povo um caminho verdadeiro.”

Violência 

Boulos e Marina Silva (Rede) comentaram sobre a violência no país. Marina falou sobre a importância da coordenação da União em um possível plano de segurança pública. Já Boulos foi por outro caminho. “Temos que reconhecer que não é com violência que se combate a violência”, disse.

“Não é distribuindo armas. Isso não funcionou. Não é insistir em um sistema que lucra com mortes. Há a indústria da morte, aqueles que ganham com isso. Indústria das armas. Há uma bancada que se alimenta da violência, do medo e do ódio. Não queremos mais presídios, queremos mais escolas. Não queremos que o jovem tenha primeira arma, queremos que tenha primeiro emprego. Temos um genocídio da juventude pobre e negra. Precisamos de outro modelo. Acabar com a política de guerra às drogas que mata os jovens nas periferias. Temos que descriminalizar, tratar drogas como tema de saúde e não criminal”, completou o candidato do Psol.