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‘Bolsonaro quer penalizar os mais pobres, cobrando mais impostos’

Questão tributária é alvo de intenso debate entre candidatos Fernando Haddad (PT), Marina Silva (Rede) e Ciro Gomes (PDT). Presidenciáveis concordam que pobre paga mais impostos, e que isso deve mudar

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Mesmo fora do debate da TV Aparecida, Bolsonaro foi alvo de críticas

São Paulo – O tema da reforma tributária foi alvo de intenso debate entre os candidatos à presidência Ciro Gomes (PDT) e Fernando Haddad (PT) durante debate exibido na noite desta quinta-feira (20) pela TV Aparecida. Marina Silva (Rede) também falou sobre o tema, todos em sintonia, alinhados na crítica de que, no Brasil, pobre paga mais impostos. O petista classificou o tema como “um dos maiores problemas brasileiros”.

“Quanto mais pobre, mais imposto você paga proporcionalmente à sua renda. Isso tem que mudar. Temos uma proposta muito viável. Consiste em garantir a estados e municípios que a receita de impostos não vai cair ao longo da transição do sistema e fixar um Imposto de Valor Agregado para simplificar e reduzir a carga tributária sobre consumo. Pobre paga imposto ao consumir”, completou Haddad.

Por sua vez, Ciro provocou o petista sobre a confiabilidade de suas “boas propostas”. “Por que o povo brasileiro machucado como está deveria acreditar que estas tão boas ideias seriam praticadas se o seu partido esteve no poder por 14 anos? Não me leve a mal, precisamos fazer isso, imposto sobre lucros e dividendos. Um banco chegou a distribuir R$ 9 milhões sem impostos para quatro pessoas”, questionou.

O petista explicou que a mudança se trata de um processo. “Lula fez uma das maiores reformas tributárias às avessas. Colocou o pobre no orçamento. Orçamento tem duas caixinhas, a receita e a despesa. O Ciro está esquecendo que pelo lado da despesa fizemos todos os programas sociais que revolucionaram a vida dos mais pobres. Programas feitos durante nossos governos que são uma espécie de reforma pelo lado da despesa. O dinheiro chegou na mão do pobre com a boa gestão do orçamento público. Governo Lula tem grande mérito nisso.”

Bolsonaro e o pior dos mundos

Já Marina foi questionada pelo candidato do MDB, Henrique Meirelles, sobre o tema, com foco na proposta do economista do candidato Jair Bolsonaro (PSL) que disse pretender recriar a CPMF e taxar mais ainda os mais pobres e menos os mais ricos. “Vamos acabar com a injustiça tributária. Vamos simplificar os impostos. Não é necessário criar mais tributos. Sou contra a reedição da CPMF. Vi a confusão entre Bolsonaro e seu economista-mor, que ele mesmo diz ser o posto Ipiranga. Estou vendo um incêndio no posto. Algo está acontecendo lá. Eles não estão se entendendo”, disse a candidata da Rede.

“Não dá para ser presidente com posto Ipiranga. Precisa saber o que está fazendo. A sociedade já paga muito tributo. Precisamos deixar de querer que os pobres paguem a conta. Precisamos de justiça tributária. Quem ganha mais tem que pagar mais e quem ganha menos precisa ter bons serviços. Bolsonaro tem proposta nefasta para penalizar mais pobres”, completou.

Marina foi além na crítica ao candidato da extrema-direita. “Ele tem uma visão de governar para os poderosos, para os que têm. Ele chega a dizer que não demarcará terras indígenas. Desconsidera mulheres. Seu vice deu uma declaração desastrosa, disse que mulheres que criam seus filhos são indústrias de delinquência. Temos que acabar com a ideia de ficar entre violência e corrupção.”