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Bolsonaro ameaça golpe de Estado em dia em que juiz é afastado por plano golpista

No mesmo dia que o candidato da direita diz em entrevista que 'não aceita resultado diferente de sua vitória', um juiz goiano é afastado pelo CNJ por planejar enviar urnas para o Exército

arquivo/ebc

‘PT só ganha na fraude’, disse Bolsonaro ao rejeitar possível derrota

São Paulo – O candidato da direita no pleito presidencial de outubro, Jair Bolsonaro (PSL), ameaçou o país ontem (28) com um golpe de Estado. Em entrevista concedida do hospital, onde se recupera de uma facada, disse que não aceitaria um resultado diferente de sua vitória. Acontece que, de acordo com as pesquisas, hoje, ele não seria eleito. Perde para os principais adversários no segundo turno, de acordo com as principais pesquisas de intenções de voto.

Outro fato está relacionado com a ameaça do candidato, capitão do Exército da reserva. Ontem, o corregedor do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), Humberto Martins, afastou o juiz federal Eduardo Luiz Rocha Cubas, de Goiás. A razão foi que o juiz estava em contato com o comando do Exército, para recolher as urnas eletrônicas e, então, enviá-las aos militares para uma “perícia”. Isso, poucos dias antes das eleições.

O agente da Polícia Civil do Rio Grande do Sul Leonel Radde explica como a entrevista de Bolsonaro se conecta à intenção golpista do juiz goiano. “O CNJ afastou esse juiz, porque dois dias antes das eleições, ele iria apreender, com auxílio do Exército, as urnas eletrônicas para evitar que os brasileiros escolhessem seus candidatos. Quem estava junto com ele é um filho de Jair Bolsonaro. Eles articulavam esse golpe de Estado no dia 5 de outubro, na sexta-feira”. 

Repetidamente, Bolsonaro afirma que as urnas eletrônicas não são confiáveis. Ontem mesmo, disse que o PT só ganharia com fraude. De acordo com as pesquisas, hoje, Fernando Haddad (PT) seria eleito no segundo turno. “Pelo que vejo nas ruas, não aceito resultado diferente da minha eleição (…) Só ganham na fraude”, disse o candidato conservador. O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) garante que as urnas são confiáveis. Não existe nenhum histórico de problemas com o sistema eleitoral, que é auditado por universidades, Polícia Federal, além de autoridades externas. 

“Não votem em um canalha, covarde, autoritário que não aceita o voto das urnas. Declarou abertamente que não aceitaria outro resultado que não sua eleição”, continua Radde. “Engraçado que quando ele foi o candidato a deputado federal mais bem votado do Rio de Janeiro, ele não reclamou das urnas eletrônicas. Quando Eduardo Cunha (ex-deputado cassado e preso) foi eleito deputado federal, ninguém reclamou também. Quando os aliados de Bolsonaro ganham as eleições e depois são presos, ninguém reclama das urnas”, completa.

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