'caráter episódico'

Uso de Força Nacional é medida de governo com medo do povo, diz Raimundo Bonfim

Medida semelhante foi adotada pelo governo Temer em maio de 2017, para a 'garantia da Lei e da Ordem”, durante manifestação das centrais e movimentos populares contra reformas

Tomaz Silva/Agência Brasil

Uso da Força Nacional foi autorizado nesta terça-feira em portaria do ministro Raul Jungmann

São Paulo – O emprego da Força Nacional em Brasília, “em caráter episódico e planejado, durante as manifestações previstas para o mês de agosto de 2018”, autorizado nesta terça-feira (14) por meio de portaria do ministro Raul Jungmann (Segurança Pública), é ato de “um governo desesperado com a baixa popularidade e preocupado com a mobilização popular”, na opinião do coordenador da Central de Movimentos Populares (CMP), Raimundo Bonfim.

Medida semelhante foi adotada pelo governo Michel Temer em 24 de maio de 2017, para a garantia da “Lei e da Ordem” durante manifestação das centrais sindicais e movimentos populares em Brasília, contra as reformas do governo Temer e por eleições diretas”. Naquela ocasião, porém, a autorização foi para atuação das Forças Armadas.

“É um governo de caráter autoritário, que tem medo do povo”, diz Bonfim. Segundo ele, “Brasília está agitada”. Hoje (14) chegaram à capital as marchas do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e Via Campesina, pela candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na eleição para a Presidência da República. Nesta quarta-feira (15), chegarão outras caravanas de várias partes do país.

“Pela primeira vez, vai ser feito um registro de candidatura, uma questão normalmente protocolar, com a presença de milhares de pessoas nas proximidades do Tribunal Superior Eleitoral. É um fato político relevante”, afirma.

Bonfim participou do ato em frente ao STF, onde o Prêmio Nobel da Paz Adolfo Perez Esquivel foi recebido pela presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Carmen Lúcia. Além de Esquivel, a comissão contou com a participação de juristas, artistas, lideranças populares e do Frei Sérgio Gorgen, um dos militantes que fazem greve de fome pela liberdade de Lula.

Segundo o coordenador da CMP, e também uma das lideranças da Frente Brasil Popular (FBP), o tema mais importante do encontro com Cármen Lúcia foi o pedido de inclusão na pauta de votações do tribunal das Ações Declaratórias de Constitucionalidade (ADCs) 43 e 44, que tratam da prisão após julgamento em segunda instância.

Cármen recebeu também, de Esquivel, o abaixo assinado “Eleição sem Lula é fraude”, com 240 mil assinaturas. Coordenador do MST, João Pedro Stédile disse que a ministra foi “muito receptiva”.

Segundo o ator Osmar Prado, que participou do encontro, Cármen Lúcia os ouviu “com muita atenção”. “Acredito que falamos tudo o que queríamos. Existem ameaças no ar. A greve de fome, com pessoas ameaçadas de morrer. Lula impedido de falar. É um crime o que está se fazendo com Lula. Acho que conseguimos sensibilizá-la”, relatou.

A advogada Carol Proner, que também estava na reunião com a ministra, afirmou que “a ideia não era constranger” a presidente do STF. Segundo ela, Cármen Lúcia demonstrou estar “comovida”.

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