Caminho da democracia

Trabalhadores do campo marcharão até Brasília por Lula Livre e candidato

Serão três colunas compostas por integrantes do MST e da Via Campesina que se encontrarão com os trabalhadores das cidades na capital federal para garantir o registro da candidatura Lula no TSE na próxima quarta-feira (15)

Reprodução/MST

Trabalhadores do MST dizem que é preciso marchar novamente para manter a esperança na democracia

São Paulo – Integrantes do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) e da Via Campesina marcharão rumo a Brasília, para se encontrar com trabalhadores urbanos de todo o país na próxima quarta-feira (15), dia do registro oficial da candidatura de Luiz Inácio Lula da Silva no Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Além de reivindicar a libertação do ex-presidente e a sua participação no processo eleitoral, os militantes denunciam as consequências da crise econômica, agravadas pelas medidas de austeridade do governo Temer. 

Nesta sexta-feira (10) os manifestantes começam a se concentrar em três cidades do Planalto Central e darão início à Marcha Nacional Lula Livre a partir das primeiras horas da manhã deste sábado (11). De Luziânia, em Goiás, partirá a Coluna Prestes, reunindo trabalhadores rurais da regiões Sul e Sudeste do país. O nome presta homenagem à marcha tenentista comandada por Luís Carlos Prestes, na década de 1920.

Da cidade de Formosa, também em Goiás, partirá a Coluna Camponesa, com camponeses da região Nordeste. De Engenho das Lages, no Distrito Federal, os militantes do Norte e Centro-Oeste formarão a Coluna Tereza de Benguela, que homenageia a líder quilombola que combateu a escravidão no Mato Grosso, no século 18. A previsão é que cada uma das colunas seja composta por cerca de 1.500 pessoas, que percorrerão em torno de 50 quilômetros até a capital federal.

Na tarde desta sexta-feira, nos três pontos de concentração, camponeses apoiarão as mobilizações das centrais sindicais e movimento sociais que realizam o Dia do Basta, com ações em todo o Brasil. 

“A crise política no Brasil nos trouxe até aqui”, afirmou o coordenador nacional do MST Alexandre Conceição, que lembrou canto tradicional dos sem-terra que diz que “marchar novamente é preciso para manter a esperança”. Ele também lembrou o esforços dos ativistas que há 11 dias realizam greve de fome em Brasília para pressionar o Supremo Tribunal Federal (STF) a colocar em votação duas ações declaratórias de constitucionalidade (ADCs) que questionam o cumprimento antecipado de pena de prisão. 

Segundo ele, a suposta “ponte para o futuro” prometida pelos que deram o golpe do impeachment contra a ex-presidenta Dilma Rousseff levou a população brasileira de volta à fome e ao desemprego. “A ponte para o futuro fracassou. O governo que está aí é um governo fracassado, com um índice de impopularidade nunca visto, e Lula é encarnação e a síntese de um projeto que pretende barrar o golpe”, afirmou Conceição. 

Ele também afirmou que Lula foi preso com base em acusações sem provas, e que a sua prisão, em Curitiba, representa também a tentativa de aprisionamento de um projeto popular. “Para aprofundar a democracia, é necessário libertar o ex-presidente Lula. E ele só será livre com ampla mobilização. No dia 15, vamos reunir toda a classe trabalhadora, do campo e da cidade, para levar nos braços do povo o registro da candidatura do presidente Lula. Exigiremos respeito à nossa democracia, à nossa Constituição, e que o TSE não se acovarde diante do golpe e dos representantes do capital.” 

A coordenadora nacional do MST Marina dos Santos também afirmou que não é possível falar em democracia, se Lula não puder participar do processo eleitoral, e destacou que os trabalhadores rurais também marcharão em defesa dos direitos da classe trabalhadora e pela retomada de um projeto de reforma agrária popular, que garanta a produção de alimentos saudáveis para a população. “Nossa expectativa é chegar no 14, para, no dia 15, nos juntarmos aos demais trabalhadores urbanos nessa marcha até o TSE. Acreditamos que vamos nos somar a outras 50 mil pessoal num brado de toda a classe trabalhadora.”

Integrantes do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) também devem participar da Marcha Nacional Lula Livre. “A classe trabalhadora tem cada vez mais clareza de que temos apenas uma opção, que é derrotar o golpe, retomar e aprofundar a democracia. A marcha vem para ampliar e avolumar a luta em defesa da democracia, da classe trabalhadora e da liberdade do presidente Lula”, afirmou o coordenador do MAB José Josivaldo.

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