candidato do golpe

Temer assume quem o seu governo apoia: ‘Parece que é o Alckmin, né?’

Recordista em impopularidade, presidente que chegou ao poder pelo golpe diz que vai ter cautela para não demonstrar apoio nem ao tucano nem a Henrique Meirelles, que tenta se descolar do seu governo

Beto Barata/PR

Alckmin tem continuamente manifestado apoio à dita “reforma” trabalhista do governo Temer

São Paulo – Em entrevista ao jornal Folha de S.Paulonesta quinta-feira (16), o presidente Michel Temer reconheceu que a candidatura de Geraldo Alckmin (PSDB) é alinhada ao seu governo, apesar de o seu partido, o MDB, ter lançado a candidatura do ex-ministro da Fazenda Henrique Meirelles para a Presidência da República. “Se você dissesse: ‘quem o governo apoia?, parece que é o Geraldo Alckmin, né? Os partidos que deram sustentação ao governo, inclusive o PSDB, estão com ele”, afirmou Temer.

Partidos de direita e centro-direita – DEM, PP, PR, PRB, além do próprio PSDB – que apoiaram o golpe contra a ex-presidenta Dilma Rousseff e compõem a base de sustentação do governo de Michel Temer fazem parte da coligação do candidato tucano à Presidência. Apesar das afinidades explícitas, Temer diz que vai ter “cautela” para não apoiar nem Alckmin nem Meirelles. “Até porque falam muito da impopularidade. Não quero nem incomodar, digamos”, afirmou o presidente, recordista em rejeição. O ex-ministro da Fazenda também já rejeitou o apoio do presidente. “Eu não sou candidato do governo”, afirmou Meirelles em evento com presidenciáveis na semana passada. 

O presidente foi ainda mais enfático, quando perguntado sobre se Alckmin representaria uma continuidade do seu governo. “Pode vir a ser fato. Primeiro pelo que ouço ele declarar e segundo, porque esses que ajudaram a fazer as reformas vão estar no governo se ele ganhar. Quem for eleito não vai conseguir se afastar do que começamos.”

Em diversas oportunidades Alckmin tem se manifestado a favor da dita “reforma” trabalhista do governo Temer, que tem acarretado no aumento do desemprego e da informalidade do mercado de trabalho. Também na semana passada, um executivo da Fundação FHC chegou a afirmar que Alckmin deve manter nomes do atual governo à frente da economia pelo tempo “conveniente e necessário”. 

Na entrevista, Temer disse ainda ser ofensivo perguntar se ele receia ser preso quando não estiver mais na cadeira presidencial – “uma inadequação absoluta” –, mas apoiou a ideia de estender o foro privilegiado a ex-presidentes. “Pela lógica, talvez coubesse a hipótese.”