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‘Não pode haver decisão sem diálogo’, diz dirigente da CUT-PE sobre acordo com PSB

Presidente licenciado da central afirma que pré-candidatura de Marília Arraes vem dos movimentos sociais. Gleisi reitera intenção de unir PT, PSB, PCdoB e PDT

PH Reinaux/CUT-PE

“Política se faz ouvindo as bases”, diz Veras. “Pessoal de Pernambuco vinha acompanhando as discussões”, diz Gleisi

São Paulo –“Estamos abertos para dialogar. Queremos conversar. Não pode haver uma decisão sem diálogo.” Assim o presidente licenciado do CUT de Pernambuco, Carlos Veras, resume a posição pela candidatura da vereadora recifense Marília Arraes ao governo estadual, depois que a executiva nacional do PT decidiu retirá-la em nome do acordo com o PSB. Veras é candidato a deputado federal pelo PT.

“Não é assim que se faz política, se faz política de forma democrática, coletiva, ouvindo as bases”, diz o dirigente. “A pré-candidatura da Marília foi construída pelos movimentos sociais, pelo movimento sindical, nas ruas, nos acampamentos que fizemos em defesa da democracia, nas vigílias permanentes, em cada ato”, afirma.

Segundo ele, a cúpula do PT rompeu um compromisso da direção nacional segundo o qual só recomendaria aliança com o governador do estado, Paulo Câmara, se houvesse uma aliança formal entre os dois partidos. “Essa aliança formal não foi concretizada. Já recorremos ao diretório estadual do PT, defendemos a democracia interna, fomos eleitos pelo PED (Processo de Eleições Diretas). Senão não precisa de PED, de direção estadual. Basta ter uma direção nacional.”

Veras disse que os defensores da candidatura de Marília Arraes dentro do partido vão continuar respeitando as instâncias, mas prometem ganhar a posição da candidatura própria em Pernambuco e referendar o nome de Lula para presidente da República. “Vamos até a ultima instância do PT para garantir a democracia interna e o direito de Marília ser candidata.”

Em entrevista coletiva em Curitiba, a presidenta do PT, senadora Gleisi Hoffmann (PR), comentou a repercussão da aliança com o PSB. Ela prometeu que vai conversar com “o pessoal de Pernambuco” e disse que “é compreensível o movimento” em favor da candidatura da vereadora Marília. “Ela é uma grande liderança que se revelou nesse processo.”

Segundo Gleisi, a aliança com o PSB vem de uma articulação desde o ano passado num contexto de resgatar entendimentos com partidos de esquerda e progressistas. “Isso é necessário para enfrentar o golpe. Nós não vamos enfrentar os retrocessos que estamos vivendo se não tivermos uma articulação de centro-esquerda. O PT sozinho não consegue isso”, afirmou Gleisi.

Gleisi mencionou o PCdoB, o PSB e o PDT como legendas com as quais defende o diálogo. “Envidamos esforços para fazer uma aliança formal com o PSB. Infelizmente não foi possível”, disse. Segundo ela, a militância de Pernambuco, Marília e os movimentos sociais sabiam da movimentação e das conversas com o PSB. “Em nenhum momento fizemos uma movimentação que não fosse clara e aberta.”

“É verdade que ela sempre disse que a luta era por uma aliança formal. Mas, não havendo, nós teríamos o direito da candidatura própria aqui. E não houve aliança formal”, argumenta Veras. “No processo do impeachment, o PSB sinalizou para PT e Lula que não ia votar no golpe e acabaram votando. Quem garante que eles vão retirar a candidatura do PSB ao governo de Minas e garantir neutralidade?”, questionou. O PSB realiza sua convenção no próximo domingo (5).

A presidenta do PT observou que o setor progressista do PSB “colocou uma ala da direita para fora e se reposicionou no processo”, e que o partido votou com o PT no Congresso contra a reforma trabalhista, a Emenda Constitucional 95, e contra a reforma da Previdência e  privatização da Petrobras e Eletrobras.”

 

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