Cala a boca já morreu

Martinho: Lula não troca ‘dignidade por liberdade’. Chico: e a imprensa?

Ex-presidente recebeu visita dos cantores em Curitiba. Ganhou um livro e falou sobre o festival no Rio de Janeiro. Chico Buarque fez indireta a Cármen Lúcia e a juíza que tem vetado entrevistas

Reprodução

Depois da visita ao ex-presidente, Martinho da Vila e Chico Buarque disseram em vídeo que a mídia deve exigir o direito de entrevistar Lula: ‘Cala a boca já morreu’, diz Chico

São Paulo – Depois de receber em Curitiba a visita de Chico Buarque e Martinho da Vila e receber um exemplar de Lulalivre – Lulalivro, na tarde desta quinta-feira (2), o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva mandou o recado de que é “candidatíssimo” na disputa pelo Planalto. Martinho disse que Lula não troca “dignidade por liberdade” e Chico afirmou que a questão é também de liberdade de imprensa. Aproveitou para cutucar a presidenta do Supremo Tribunal Federal (STF), ministra Cármen Lúcia, e, mais explicitamente, a juíza Carolina Moura Lebbos, da 12ª Vara Federal de Curitiba, responsável por decisões relativas à custódia de Lula.

Os cantores e compositores não falaram ao sair da Superintendência da Polícia Federal. Um vídeo foi divulgado minutos depois. “Eu achei Lula muito bem disposto, muito firme, decidido a ir até o fim. Com a sensação de injustiça, mas bem humorado, muito bem humorado”, comentou Chico.

Martinho concordou. E disse não ter condições de falar aos manifestantes. “A gente fica muito emocionado. A gente gosta de falar devagar, devagarinho, e hoje não estou conseguindo muito”, afirmou, citando o refrão de uma de suas composições mais conhecidas. 

Chico: “Foi uma bela visita”

Os dois comentaram a proibição de Lula de dar entrevistas. “O correto seria a imprensa poder falar diretamente com ele, em vez de ele ficar de porta-voz, ou moço de recado”, disse Chico. “A questão não é só a liberdade de Lula, é liberdade de imprensa. Cala a boca já morreu, né?”, acrescentou. “Cala a boca já morreu” foi uma frase dita por Cármen Lúcia quando relatou uma ação que decidiu pela liberação das biografias não autorizadas, em 2015.

Chico lembrou que alguns veículos de comunicação já solicitaram entrevistas, mas esbarraram no veto da juíza de Curitiba. “Tem de insistir. Essa juíza, talvez ela diga não à Globo, talvez ela ceda”, afirmou o compositor, terminando a gravação do vídeo aos risos com o amigo compositor.

Martinho ainda apareceu ao público depois da visita a Lula. Antes de entrar no carro, “convidado” por um segurança, parou diante do cordão que separava os manifestantes da vigília e fez uma saudação com os braços, além do sinal de “L” com o polegar e o indicador da mão direita. “Muita emoção”, disse, longe dos microfones, despedindo-se em seguida. O público ainda cantou o refrão: “É devagar, é devagar, devagarinho”.

Já Chico não foi visto. Na sequência de sua turnê Caravanas, que marca lançamento de novo CD, ele fará shows no Teatro Guaíra, o Guairão, na capital paranaense, de hoje até sábado.

Antes da divulgação do vídeo, a presidenta do PT, senadora Gleisi Hoffmann (PR), deu rápida entrevista perto dos manifestantes e relatou que o ex-presidente pôde agradecer a Chico e Martinho, “articuladores do show Lula Livre, no Rio de Janeiro, ouvir deles o movimento que os artistas estão fazendo”. O festival foi realizado no último sábado (28), diante do Arcos da Lapa. Ela destacou a amizade “de longa data” entre Lula e os cantores e compositores. “(Lula) pediu para eles dizerem, em alto e bom som, que ele é candidatíssimo.”

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