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Haddad se defende de denúncia do MP e acusa órgão de parcialidade

Candidato do PT à vice-Presidência questiona orientação política do MP em denúncia baseada na palavra de 'bandido que mentiu para a Justiça e que teve seus interesses contrariados durante o meu governo'

ricardo stuckert

‘Como um prefeito que cancela uma obra de um corrupto passa por um constrangimento desse?’

São Paulo – O candidato à vice-Presidência pelo PT, Fernando Haddad, respondeu hoje (28) à denúncia feita ontem pelo Ministério Público de São Paulo. Acusado de ter sido beneficiado em um esquema com a UTC Engenharia quando era prefeito de São Paulo (2012-2016), Haddad vê na ação uma tentativa de criação de um fato político, a fim de prejudicar sua imagem junto ao eleitorado. “De repente, algo de anos atrás aparece dias antes das eleições”, disse.

Ele recordou que o ex-presidente da UTC Ricardo Pessoa, fonte das informações que podem prejudicar Haddad, é um “corrupto confesso”. “Esse corrupto já mentiu nove outras vezes. Isso, segundo a própria Justiça que arquivou outros inquéritos (…) Então, o que o MP tem na mão? A palavra de um bandido que mentiu para a Justiça e que teve seus interesses contrariados durante o meu governo”, afirmou.

Os interesses frustrados da empresa, explica o ex-prefeito, teriam relação com uma obra viária cancelada pela gestão Haddad em 2013. “No meu caso específico, ele tem razão para mentir. Com 44 dias de governo, cancelei uma obra milionária da UTC em parceria com a Odebrecht. Um túnel chamado Roberto Marinho. Isso é dado oficial, do dia 14 de fevereiro daquele ano. Cancelei a obra porque o meu secretário trouxe a informação de que a obra seria superfaturada.”

Haddad ainda questionou os entrevistadores, em entrevista coletiva concedida pela manhã no Rio de Janeiro, sobre a incongruência entre os fatos. “Como um prefeito que cancela uma obra de um corrupto, com informação de superfaturamento da obra, passa por um constrangimento desse, em vez de receber do MP os devidos agradecimentos por ter salvado algumas centenas de milhões de reais (…) Justamente em um caso em que demonstrei que é possível governar com lisura, cancelando um contrato que não havia sido feito nem na minha gestão, querem criar caso.”

A acusação do promotor Wilson Tafner é de que, ao longo de 2013, a UTC teria pago dívidas da campanha eleitoral de Haddad com uma gráfica, como troca de favores. O ex-prefeito afirma que nem sequer a tal gráfica confirma o caso. “Também não tem confirmação do dono da gráfica. Ele não confirmou que prestou serviço para a minha campanha. Ao contrário, prestou para o diretório estadual e não municipal.”

O ex-prefeito diz que está tranquilo e que, se o juiz que analisar seu caso for imparcial, a denúncia não prosseguirá. Já sobre o MP, mostrou-se receoso acerca da parcialidade do órgão. “Podem entrar com 15 ou 20 ações (…) Veja o que tem de escândalo no governo do estado durante os 24 anos”, comparou com os governos tucanos, que tem o mais proeminente representante na corrida eleitoral de outubro, o ex-governador Geraldo Alckmin. “O governo do PSDB tem escândalo em todos os cantos, todos os lugares. Metrô, Dersa, CPTM, merenda. Nada ali para em pé”, completou, com estranheza pela ausência de investigações por parte do MP.

Posição do partido

O PT também divulgou uma nota sobre o caso. Eles acusam o MP de ser partidário e tentar minar a chapa que lidera todas as pesquisas eleitorais para a presidência, com Lula liderando e Haddad como vice. “A ação do MP é complemento do golpe contra o povo brasileiro. Querem privá-lo dos meios democráticos para mudar a situação. Querem perpetuar o desemprego e a perda de direitos, querem elevar ao máximo os lucros extraordinários e os privilégios.”

Confira a íntegra:

Incapazes de convencer pelas propostas e de vencer através do voto, os adversários da chapa Lula-Haddad e do povo brasileiro apelam mais uma vez para o tapetão judicial, com acusações sem provas para fazer escândalo na mídia.

O último ataque do Ministério Público de São Paulo ao vice Fernando Haddad é mais uma prova de que setores da instituição são politicamente comprometidos com o PSDB, partido que sustenta o governo golpista de Temer e que vem de quatro derrotas seguidas nas urnas.

A denúncia apresentada ontem (27) contra o ex-prefeito é tão falsa, irresponsável e facciosa quanto as que foram apresentadas por outros membros do MPSP contra o presidente Lula – e que mesmo provocando uma onda de publicidade negativa acabaram rejeitadas pela Justiça.

Além de defender a inocência do nosso candidato a vice-presidente, falsamente acusado em plena campanha eleitoral, o Partido dos Trabalhadores vai apresentar mais uma representação ao Conselho Nacional do Ministério Público para responsabilizar a ação partidária e política de membro do MPSP.

Este é o método dos que pretendem chegar ao poder sem ter voto: manipular setores dos sistema judicial, com a cumplicidade da imprensa, para tentar impedir que os candidatos do povo se apresentem nas eleições. Já esperávamos por esse tipo de manobra, principalmente depois das últimas pesquisas que mostram a possibilidade de Lula vencer no primeiro turno.

Não bastaram a prisão injusta do Lula, a exclusão de debates e do noticiário, o rol de julgamentos e medidas de exceção contra Lula para tentar tirá-lo das eleições.

A ação do MPSP é complemento do golpe contra o povo brasileiro. Querem privá-lo dos meios democráticos para mudar a situação. Querem perpetuar o desemprego e a perda de direitos, querem elevar ao máximo os lucros extraordinários e os privilégios. Querem roubar a esperança do povo.

Contra toda fraude judicial, contra a mentira da imprensa golpista, contra a retirada dos direitos, nosso povo reage bravamente e declara voto em Lula e Haddad em escala crescente que assombra os poderosos.

Está chegando a hora da virada!

Lutamos sempre em condições duras e desfavoráveis, como é a luta do povo contra o sistema de poder dos ricos. Quanto maior o desespero dos poderosos, maior a certeza que estamos no caminho da Justiça e da democracia.

Venceremos!

Comissão Executiva Nacional do Partido dos Trabalhadores
São Paulo, 28 de agosto de 2018

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