Haddad propõe que bancos com juros mais altos paguem mais impostos
Em entrevista ao Canal Livre, porta-voz do ex-presidente e vice na chapa de Lula disse que a medida tem por objetivo reduzir as taxas cobradas pelos bancos na hora de oferecer crédito aos cidadãos
Publicado 20/08/2018 - 11h07
São Paulo – Candidato a vice na chapa do ex-presidente Lula, Fernando Haddad afirmou que pretende enfrentar o “cartel dos bancos”, para criar um sistema bancário que fomente de fato a expansão do crédito no Brasil. A proposta apresentada por ele, no programa Canal Livre, da Rede Bandeirantes, nesse domingo (19) é a chamada progressividade da tributação no sistema bancário. “Quanto mais juros o banco cobrar, mais imposto ele vai pagar. Quanto menos juros cobrar, menos imposto vai pagar”, afirmou Haddad, que também coordenou o plano de governo petista.
O objetivo da tributação progressiva é reduzir o chamado spread bancário, que é a diferença entre o que as instituições bancárias pagam como remuneração ao poupador e o quanto cobram para emprestar. É dessa diferença que, no Brasil, os bancos retiram a maior parte dos seus lucros, que Haddad classificou como, um “escândalo internacional”.
“Isso vai induzir os bancos, já que eles não concorrem entre si, a cobrar menos o spread, para pagar menos imposto. A The Economist, uma revista liberal, diz que o Brasil é o único lugar do mundo em que o banco parece um serrote. Ganha na ida, e na volta. Ganha na expansão e na retração. Isso não existe”, destacou o candidato.
Segundo cálculos da Associação Nacional de Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac), os juros do cartão crédito chegam a 286,69% ao ano e os do cheque especial, a 288,35%, enquanto taxa básica de juros, a Selic, vem sendo mantida nos últimos meses pelo Banco Central (BC) em 6,50% ao ano.
Reajuste da tabela do imposto de renda
Haddad também propôs a isenção da cobrança do imposto de renda para os trabalhadores que ganham até cinco salários mínimos (ou R$ 4.470,00). Em contrapartida, pretende cobrar dos milionários, “sobretudo os que recebem dividendos elevadíssimos”. A isenção, segundo o candidato petista, contribuiria para o aumento da renda das famílias. “Quando isento de imposto de renda quem ganha até cinco salários, eu aumento a renda disponível desse cidadão, desse trabalhador. O que ele faz com a renda? Imediatamente vai para o consumo, ou vai pagar suas dívidas”, explicou.
Fintecs e cooperativas
Outra proposta apresentada por Haddad para reduzir os juros bancários e tornar o crédito mais barato no Brasil é estimular a criação de fintecs (empresas digitais que prestam serviços financeiros) e de cooperativas de créditos. O objetivo é aumentar a concorrência no setor bancário, já que os quatro maiores bancos do país – Itaú-Unibanco, Bradesco, Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal – concentraram 78,51% do mercado de crédito em 2017. “Você vai no mundo desenvolvido, sobretudo na Europa, e lá tem um sistema de crédito, que não é bancário propriamente dito, funcionando bem e fazendo as taxas caírem”, declarou.