cautela e resistência

Greve de fome por Lula livre completa três dias e militantes passam por avaliação

Médico esteve hoje com os militantes em Brasília. 'Estamos monitorando de forma laboratorial e clínica, pois os primeiros dias são bastante delicados', afirmou

Lula Marques / APT / Fotos Publicas

‘A decisão de fazer esse gesto extremo de luta se dá a partir da situação em que o país se encontra’

São Paulo – Chega ao terceiro dia a ‘greve de fome por justiça’ dos militantes que cobram a liberdade do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Lula está preso desde 7 de abril na sede da Polícia Federal em Curitiba, uma detenção considerada injusta e política pelos grevistas. Nesta quinta-feira (2), o médico Ronald Wollf esteve com os ativistas para avaliar as condições clínicas. “Uma greve de fome, dependendo da pessoa, pode causar alguns problemas bem sérios”, disse.

De acordo com os militantes, “a decisão de fazer esse gesto extremo de luta dá-se a partir da situação que o país se encontra, com a fome e as epidemias retornando e o desemprego desgraçando a vida dos trabalhadores do campo e da cidade”. De acordo com a análise médica, os seis ativistas que tomam essa atitude por tempo indeterminado começaram a sentir problemas como dores de cabeça, ansiedade, insônia, desidratação e outros sintomas relacionados à fadiga.

“Como médicos, precisamos preservar a saúde orgânica, física e emocional. Estamos os monitorando de forma laboratorial e clínica, pois os primeiros dias são bastante delicados, eles estão cansados, sonolentos, a fome é bastante grande e isso os deixa ansiosos. Esse conjunto de sintomas exige bastante cuidado neste momento, em especial o emocional”, completou o médico. Estão em greve de fome o Frei Sérgio Görgen, Jaime Amorim, Zonália Santos, Luiz Gonzaga (Gegê), Vilmar Pacífico e Rafaela Alves.

O Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra (MST) está organizando para o dia 10 um ato complementar. A Marcha Nacional Lula Livre percorrerá, entre os dias 10 e 15, cerca de 50 quilômetros, partindo de diferentes estados até Brasília, na data em que o PT deve registrar a candidatura de Lula ao pleito presidencial de outubro. “A greve de fome por Lula livre não pode nem deve ser vista como um ato isolado de seis companheiros radicais. Ela é parte de uma estratégia, que já vem sendo cuidadosamente articulada faz tempo. Ela é parte de uma agenda”, afirma a organização da marcha.

“Serão três colunas em marcha, que reunirá em torno de 5 mil pessoas, percorrendo cerca de 50 quilômetros em cada uma das colunas. Sairão de cidades satélites de Brasília e chegarão na capital no dia 15, para se juntar a todo o povo que deverá estar mobilizado, ocupando as ruas, para registrar a candidatura do Lula. Em paralelo a essa agenda, há manifestações pipocando por todo Brasil, como os “Lulaços”, por exemplo, que estão acontecendo em todos os cantos do país. A ideia é deixar o povo em estado de alerta, cada um onde estiver, conectado com o que está acontecendo em Brasília. Portanto, a Greve de Fome Por Lula Livre não é uma ação isolada, ela se insere bem no centro de toda essa estratégia”, completa.