eleições 2018

Em sabatina no ‘Jornal Nacional’, Marina se esquiva de polêmicas

No telejornal global, a candidata da Rede defendeu-se como imparcial e se esquivou de temas polêmicos, como as reformas de Temer – que seu partido ajudou a levar ao poder pelo golpe – e o apoio a Aécio em 2014

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Marina Silva durante entrevista no Jornal Nacional: ‘Hoje, não teria declarado meu voto no Aécio’

São Paulo –Sabatinada desta quinta-feira (30) no Jornal Nacional, da Rede Globo, a candidata da Rede à Presidência, Marina Silva, falou sobre temas como reforma trabalhista e da Previdência, a relevância de seu partido no jogo político e de parcerias feitas em pleitos anteriores, com destaque dado a tucano Aécio Neves no segundo turno de 2014, contra Dilma Rousseff.

Marina foi questionada, inicialmente, sobre a fragilidade de seu partido, que conta com pouca base no Legislativo – a legenda viu uma debandada após 2014. “O processo de saída das pessoas é natural em uma democracia. Saíram da Rede mas mantenho relação de respeito. Mesmo distantes, tenho certeza de que elas concordam que meus ideais são capazes de unir pessoas de diferentes partidos e da sociedade para governar o Brasil. As divergências não são irresolúveis”, disse.

Um dos aspectos que mais fragilizou o partido foi um racha relacionada ao processo do golpe, que retirou do poder a presidenta eleita em 2014, Dilma Rousseff (PT). “Existia um grupo que era contra o impeachment. Fui convencida de que era legal e criou-se a divergência. Mas mantenho relação e admiração com eles.”

Questionada ainda sobre se o episódio do impeachment de Dilma revelou ausência de liderança dentro da legenda e como isso pode impactar seu governo em uma eventual vitória nas eleições, Marina disse que “ser líder não é ser dono do partido. Líder tem que ser capaz de dialogar com as diferenças. Sessenta por cento da direção da Rede foi favorável (ao golpe) e dois deputados, contrários. Eles já haviam dito que não teriam como votar favoravelmente. A visão de ordem unida não é correta, as decisões são compartilhadas. Em partidos de esquerda, quando alguém sai do partido vira inimigo. Mas nós não”.

Sobre as reformas promovidas pelo governo de Michel Temer (MDB) a ex-ministra do Meio Ambiente do governo Lula se esquivou. “Defendo a reforma da Previdência e tenho diretrizes (…) Vamos encarar o problema”, disse. Ao mesmo tempo, completou com um argumento que relativizou o assunto. “Temer não debateu, discutiu apenas com um lado e disse que ia fazer a reforma. Não fez porque é um problema complexo. Numa democracia, temos que dialogar com o empresário, com trabalhadores e especialistas. Sabemos que o resultado é tão importante quanto o processo. A reforma da Previdência foi inviabilizada porque Temer esqueceu do processo. Na reforma trabalhista também esqueceu (…) só discutiu com empresários”, completou.

Fator Aécio

A postura aparentemente isenta de Marina foi colocada em xeque quando questionada sobre seu apoio, nas eleições de 2014, ao candidato derrotado no pleito presidencial, Aécio Neves (PSDB). “Hoje, não teria declarado meu voto no Aécio”, argumentou. Ela se defendeu dizendo que não conhecia, até então, as acusações que tornaram o tucano réu em âmbito da Operação Lava Jato.

O âncora da Globo, porém, lembrou que escândalos de corrupção envolvendo Aécio são anteriores mesmo à Lava Jato. Marina, novamente, se esquivou. “Nas eleições de 2014, a maioria das pessoas conscientes votaram em um candidato. Mas tenho certeza que muitos não teriam votado se tivéssemos as informações da Lava Jato”.

Minuto final

Por fim, Marina fez um discurso na tentativa de dialogar com o máximo de eleitores e desagradar o mínimo. “Quero um Brasil aonde nenhuma pessoa tenha que passar pela humilhação de não ter trabalho para sua família. Sou mulher, negra, mãe de quatro. Fui seringueira, empregada e alfabetizada aos 16 anos. Muita gente acha que não temos capacidade para a Presidência da República. Trago uma trajetória. O compromisso de um país para todos, empresários, trabalhadores, jovens e mulheres. Muita gente me vê como exceção. Mas quero ser a regra. Que esse país seja próspero e justo.”

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