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‘Meirelles não é o único candidato de Temer. Aqui tem 50 tons de Temer’

Em debate na Rede Bandeirantes, o candidato do Psol à presidência, Guilherme Boulos, diz que Meirelles (MDB) é apenas um entre os candidatos que defendem o legado de Temer

Kelly Fuzaro/Band

Boulos criticou Meirelles e por tabela todos os candidatos que defendem o legado de Temer, como Alckmin e Bolsonaro

São Paulo – O candidato à presidência pelo Psol, Guilherme Boulos, ironizou a posição dos demais postulantes ao Planalto. Durante o debate da Bandeirantes na noite desta quinta-feira (10), ao elaborar uma pergunta para Henrique Meirelles (MDB), disse que ele não é o único que representa o presidente Michel Temer (MDB). “Aqui tem 50 tons de Temer. Todo mundo aprovando as medidas do Temer”, afirmou em tom irônico.

Boulos, que começou sua fala cumprimentando o ex-presidente Lula, quem considerou preso injustamente, acusou Meirelles de ser “candidato dos banqueiros”. “Meirelles é um banqueiro. Nós representamos os trabalhadores preocupados com o desemprego. Os bancos lucram um absurdo enquanto o salário mínimo fica estagnado”, disse, ao questionar a política econômica de Temer, conduzida por Meirelles que foi seu ministro da Fazenda e saiu para disputar o cargo máximo do Executivo.

Para o candidato do Psol, “Meirelles é exemplo de porta giratória. Foi presidente do Bank of Boston e saiu para o Banco Central. É a raposa cuidando do galinheiro. Esse tipo de política econômica faz o Brasil tirar dinheiro dos pobres para dar para os ricos”, atacou. Em resposta, o banqueiro não escondeu sua origem: “Quando estive na iniciativa privada, era presidente de um dos bancos mais respeitados do mundo. Fiz um trabalho de montagem de um banco digital que é um sistema de sucesso e que vai prevalecer. Sou o candidato sem processo”.

Outros embates mais quentes envolveram o candidato do PDT, Ciro Gomes. Inicialmente, o candidato do partido Patriota, Cabo Daciolo, protagonizou um momento que tirou risos da plateia e dos jornalistas. Afirmou que Ciro foi “fundador do Foro de São Paulo” e que tal “entidade” teria um plano comunista para “tomar” a América Latina. Ciro ironizou a pergunta que tratou como absurda: “Democracia é uma beleza, mas tem certos custos (…) Tive o privilégio de conhecer o cabo hoje. Não o conhecia. E não dou fundador do Foro de São Paulo. Não sei que plano é esse”.

Entre amigos

Álvaro Dias, do Podemos, disse que chamaria o juiz Sérgio Moro, responsável pela Operação Lava Jato em Curitiba, para o ministério da Justiça. Ele pediu, gentilmente, que Geraldo Alckmin (PSDB) comentasse. O tucano seguiu na mesma linha, com o discurso genérico de fim da impunidade e combate à corrupção. Álvaro Dias defendeu a criação de uma “instituição” da Lava Jato como uma política de Estado, como uma “tropa de elite”. “Nossos governantes terão que pedir perdão ao povo brasileiro”, ameaçou.  Enquanto isso, Alckmin defendeu a reforma política com redução do Estado e cláusula de barreira para limitar a quantidade de partidos. “Esse é o bom caminho, reformas de Estado”, defendeu o tucano.

Na sequência, Meirelles seguiu com a conversa no mesmo quadrante político chamando Alckmin para responder a uma questão sobre o Bolsa Família. Ambos concordaram que o programa criado por Lula é “muito positivo, especialmente no Nordeste brasileiro. Vamos até ampliar o programa”, como definiu o tucano. Meirelles retrucou: “Seu partido chamou o Bolsa Família de ‘Bolsa Esmola’. Eu farei o contrário. Vamos aumentar o Bolsa Família em valor e cobertura. ” Apesar de dizer que faria o contrário, defenderam exatamente os mesmos argumentos.

Seguindo “entre amigos”, Bolsonaro pediu para falar com Cabo Daciolo. Ambos atacaram os velhos caciques da política, como Alckmin. “O momento é de transformação, é o agora. Todos os brasileiros que pensam em sair do país, não saiam. Está chegando o momento da prosperidade, de clamarmos a Deus, em nome do senhor Jesus Cristo. Fé, esperança e amor”, disse o evangélico Daciolo. “O único que pode romper com o establishment é Jair Bolsonaro”, retrucou o militar de extrema-direita. “Bolsonaro, não é o único. Eu também estou aqui”, disse Daciolo em tréplica, também lembrando que é militar.

Marina lembrou a época que foi ministra, companheira de Ciro, ambos integrantes do gabinete de Lula, e questionou sobre a transposição e revitalização do rio São Francisco. “Marina foi uma ministra extraordinária, minha amiga. Trabalhei com ela, licenciamos o São Francisco e hoje é uma obra parada. Continuarei imediatamente. O compromisso é de revitalizar o rio. Trabalhando juntos, sabemos que não podemos trabalhar sem ter o compromisso com o futuro”, disse Ciro, lembrando que Marina “deu trabalho” para ele, como defensora do meio ambiente. “Devemos retomar o programa de revitalização do rio”, resumiu Marina.