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Militantes iniciam ‘greve de fome por justiça’ e entregam documento ao STF

Ativistas afirmam que só encerrarão movimento quando Lula estiver em liberdade. “Lutamos porque ainda há fome e não podemos perder o pouco que a gente tem”

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Leitura do manifesto que explica razões da greve e associa prisão de Lula a cenário de perda de direitos e aumento da pobreza

São Paulo – Às 16h40 desta terça-feira (31), o frei franciscano Sérgio Görgen declarou, dentro do Supremo Tribunal Federal (STF): “Iniciada a greve de fome para que a justiça se restabeleça no Brasil”. Integrante, como o frei, do Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA), a militante Rafaela Alves, de Sergipe, acrescentou, enquanto caminhavam para sair do interior do tribunal: “Lutamos porque ainda há fome e não podemos perder o pouco que a gente tem”.

Após lerem um breve manifesto, os militantes que iniciaram jejum foram retirados da frente do prédio por seguranças da Corte. Houve empurrões, e pelo três manifestantes caíram. Eles acusaram os seguranças de truculência.

A greve de fome por tempo indeterminado foi iniciada como um ato extremo pela liberdade do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, preso desde 7 de abril nas dependências da Polícia Federal em Curitiba. Os manifestantes prometem que só encerram o movimento quando Lula estiver em liberdade. O texto do manifesto é breve e menciona os retrocessos sociais em andamento no país:

Nós, militantes dos movimentos populares do campo e da cidade, ingressamos conscientemente na “Greve de Fome por Justiça no STF”, iniciada no dia 31 de Julho de 2018 em Brasília, por tempo indeterminado.

Nossa opção por esse gesto extremo de luta decorre da situação extrema na qual se encontra nossa Nação, com a fome e as epidemias retornando e o desemprego desgraçando a vida de nosso povo.

O que motiva nossa decisão é a dor e o sofrimento dos brasileiros e brasileiras.

Nossa determinação nasce também pelo fato de que o Poder Judiciário viola a Constituição e impede o povo de escolher pelo voto, soberanamente, o seu Presidente e o futuro do país.

Rafaela e frei Sérgio estão acompanhados na greve de fome pelos militantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) Jaime Amorim (Pernambuco), Zonália Santos (Rondônia) e Vilmar Pacífico (Paraná); e Luiz Gonzaga Silva, o Gegê, da Central de Movimentos Populares.

Frei Sérgio disse ainda que “o jeito com que o Supremo nos tratar é o jeito com que vai tratar o povo”. “Eles (os ministros) não podem violar aquilo para o qual foram colocados no tribunal, que é zelar pela Constituição”.

Zonália declarou nos microfones que já é avó e participa do movimento pelas crianças de todo o Brasil. 

Os grevistas voltaram a declarar que os membros do Judiciário serão responsáveis pelo que acontecer com os grevistas de fome. Frei Sérgio reafirmou que os principais responsáveis são os seis ministros que votaram contra o habeas corpus que poderia ter colocado Lula em liberdade: Cármen Lúcia, Alexandre de Moraes, Luís Roberto Barroso, Edson Fachin, Luiz Fux e Rosa Weber.

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Os grevistas protocolaram o documento no STF logo após a leitura