Mobilização por Lula livre

Militantes iniciam greve de fome. ‘Com a palavra, Cármen Lúcia’, diz Stédile

Movimento promete que jejum só terminará quando Lula estiver solto. Grevistas responsabilizam Sérgio Moro, desembargadores do TRF e ministros do STF por qualquer consequência mais grave

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“Essa greve não termina enquanto o Lula não vier aqui dar um abraço em cada um deles”, disse Stédile

São Paulo – Militantes de entidades ligadas à Frente Brasil Popular iniciam nesta terça-feira (31), às 16h, em Brasília, uma greve de fome por tempo indeterminado, cujo principal objetivo é a liberdade do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O frei franciscano Sérgio Görgen, do Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA), afirmou que a greve “vai até vermos Lula fora da cadeia”.

Além de reação à prisão injusta de Lula, o movimento denunciará que o golpe de 2016, o ataque à democracia e as políticas implementadas por Michel Temer são responsáveis pelo retorno da miséria e da fome no país como fatores determinantes para a tomada desta decisão drástica.

Antecipadamente, ele Frei Sérgio responsabilizou juízes e ministros do Supremo Tribunal Federal por qualquer consequência mais grave decorrente da greve de fome.

“Primeiro o juiz Sérgio Moro e os desembargadores do TRF4 (João Pedro) Gebran Neto e (Carlos Eduardo) Thompson Flores. O fim da greve de fome depende dos ministros do STF”, disse. O frei nomeou os ministros da mais alta Corte do país que votaram contra o habeas corpus que poderia ter colocado Lula em liberdade: Cármen Lúcia, Alexandre de Moraes, Luís Roberto Barroso, Edson Fachin, Luiz Fux e Rosa Weber.

“Está nas mãos da ministra Cármen Lúcia”, acrescentou João Pedro Stédile,  da coordenação do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), presente à entrevista coletiva dos grevistas na tarde de hoje (30). O militante do MST em Pernambuco Jaime Amorim estará ao lado de frei Sérgio a partir de amanhã, junto com outros quatro ativistas identificados como Zonália Santos (RO) e Vilmar Pacífico (PR), do MST; Luiz Gonzaga Silva, o Gegê (PB), da Central de Movimentos Populares; e Rafaela Alves (SE), do Movimento dos Pequenos Agricultores.

“Essa greve não termina enquanto o Lula não vier aqui dar um abraço em cada um deles”, disse Stédile. Ele citou as ações que estão no STF para serem julgadas, sobre a questão da prisão após julgamento em segunda instância. “Basta colocarem em plenário a votação os dois recursos e nossos companheiros levantariam a greve.” Segundo ele, por causa do habeas corpus negado a Lula pelo plenário do Supremo, só no estado de São Paulo 13 mil pessoas que estavam aguardando julgamentos de recursos em liberdade foram encarceradas.

“Porém, há outros por aí aguardando em liberdade, de outros partidos. Está aí o Aécio, está aí o Temer. A lei no Brasil é para quem? Só para os ricos, e para os pobres a cadeia?”, questionou Stédile. “Então, daqui para adiante, com a palavra a dona Cármen Lúcia.” A ministra do STF, como presidenta da Corte, é a responsável  por pautar as matérias.

O movimento por Lula livre se dá como parte da luta pela democracia e pela justiça no Brasil, acrescentou o coordenador do MST. Ele agradeceu aos grevistas, dizendo que eles farão “o mais  alto grau de sacrifício, que é colocar a vida em risco por uma causa. “O gestos dos companheiros (de fazer greve de fome) se insere nesse contexto maior, de lutar pela liberdade de Lula, pelos direitos dos trabalhadores e do povo, de votar no seu candidato e exigir que a Constituição seja cumprida.”

O dirigente informou que os grevistas serão acompanhados por médicos, para evitar “o máximo possível” que tenham alguma sequela. Os médicos “serão os responsáveis pela última palavra para preservar a vida (dos grevistas)”.

Segundo ele, diversas personalidades nacionais e internacionais e artistas que estiveram no Festival Lula Livre no domingo (30) manifestaram desejo de continuar “participando da luta”. O jornalista espanhol Ignacio Ramonet, diretor do Le Monde Diplomatique, e o Prêmio Nobel Adolfo Pérez Esquivel devem visitar os grevistas.

Stédile lembrou que haverá diversos atos e manifestações nos próximos 15 dias, que culminam, em 15 de agosto, com a marcha nacional que chegará a Brasília na data em que Lula será registrado como candidato.

No dia 10 de agosto, haverá protestos pelo país com a participação de todas as centrais sindicais “em defesa dos direitos dos trabalhadores que vêm sendo usurpados vergonhosamente por esse governo golpista”, disse. Ele lembrou a Caravana do Semiárido Contra a Fome, que chegou a Minas Gerais. 

 

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