Eleições 2018

Manuela e Aldo: chapa vitoriosa precisa se aliar ao centro

Pré-candidatos participaram de sabatina na associação da indústria de máquinas e, com variações, defenderam projeto nacional. Ela considera o país 'maduro' para reduzir jornada de trabalho

Divulgação

Manuela com Velloso, da Abimaq: aliança com setor produtivo e referendo para discutir revogação da reforma trabalhista

São Paulo – Em sabatinas com empresários, nesta sexta-feira (13), os pré-candidatos Manuela D´Ávila (PCdoB) e Aldo Rebelo (SD) convergiram em alguns aspectos, especialmente em relação à necessidade de qualquer chapa que se pretenda vitoriosa aliar-se ao chamado centro político. “Aliança ampla não é uma aliança de esquerda”, disse Manuela. “A história do Brasil é de aliança de forças heterogêneas”, afirmou Aldo. Os debates foram realizados separadamente, na sede da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), em São Paulo, com mediação do presidente executivo da entidade, José Velloso.

Ambos falaram em projeto de desenvolvimento em defesa da indústria nacional. Manuela defendeu maior presença do Estado na economia, afirmando que a “mão invisível” do mercado não resolverá os problemas do país. É preciso não só investimento público, “mas regramento também”, disse a deputada gaúcha. Mas ela observou não ser contra o capital privado, lembrando de quando era vereadora em Porto Alegre e votou a favor de parcerias público-privadas envolvendo a prefeitura, contrariando posição majoritária da esquerda.

Para a pré-candidata do PCdoB, qualquer projeto nacional precisa envolver uma frente ampla. “O centro precisa estar junto com a esquerda para enfrentar o rentismo”, afirmou. Sobre os desafios de um partido com número relativamente pequeno de parlamentares no Congresso, Manuela disse que nem o PT ou o MDB “nos seus melhores momentos” teve mais de 18% de representação.

Ela insistiu no diálogo com “setores estratégicos do país”, ressaltando a importância da eleição: “Precisa ser um marco de debate de saídas para a crise, e não para agudizá-la”. Chamou a atenção para questões como juros e câmbio e o que considerou falta de debate acerca desses temas “sob a lógica dos interesses nacionais”. E defendeu o papel dos bancos públicos na economia, defendendo também o BNDES. “Este foi o caminho que o Brasil trilhou na sua história”, afirmou Manuela, sobre a capacidade de investimento do Estado.

Na primeira fila da plateia, estavam o deputado federal Orlando Silva (PCdoB) e, a seu lado, o ex-governador gaúcho Germano Rigotto, agora executivo da Abimaq. Os representantes empresariais ressaltaram o papel do parlamentar como relator do chamado projeto de lei da reoneração da folha de pagamento, que manteve de fora o setor de máquinas e equipamentos.

A divergência principal teve como foco a Lei 13.467, de “reforma” trabalhista, defendida pela Abimaq, assim como a totalidade das representações patronais. A pré-candidata do PCdoB defendeu um referendo para discutir a revogação da lei. “Os modelos de reforma que são apresentados no Brasil só prejudicam os que menos recebem”, disse Manuela, acrescentando outro tema incômodo aos empresários: “Acho que o Brasil já está maduro para a redução (da jornada de trabalho) para 40 horas”.

Ela defendeu ainda uma reforma tributária “que tribute a renda” em vez do consumo e da produção, atingindo, por exemplo, heranças e grandes fortunas. Sobre a Previdência, disse que o primeiro passo “é uma auditoria nas contas”.

Incidente

Manuela atrasou cerca de meia hora para o debate por causa de um incidente no hotel onde estava hospedada – ela relatou ter sido hostilizada, junto com sua filha de 2 anos, por uma eleitora de Jair Bolsonaro. 

A deputada já ia deixando a sala de debate quando Aldo entrou por outra lado, e voltou para cumprimentá-lo, juntamente com sua coordenadora de campanha, a ex-prefeita paulistana Nádia Campeão. O pré-candidato do SD, que foi um dos quadros históricos do PCdoB, disse que o país vive “certa desorientação” e que é preciso firmar “uma agenda verdadeira de construção nacional”. O Brasil vive uma “encruzilhada de crises”, especialmente a fiscal e gasta “mais dinheiro com seguro-desemprego do que com obras de infra-estrutura”.

Ex-presidente da Câmara, Aldo acredita que o Congresso terá baixa taxa de renovação, algo em torno de 20%, mas acrescentou que isso não pode ser impedimento para quem quer governar. Ex-ministro de Lula, disse que a administração petista era “uma coalizão de forças amplas”, citando Henrique Meirelles no Banco Central, Roberto Rodrigues na Agricultura e Luiz Furlan, na Indústria e Comércio. E disse ter aprovado o Código Florestal sem precisar ceder “nem um cafezinho” a qualquer parlamentar. 

“O Congresso é esse. Quer governar com o Congresso da Finlândia? Se mude para a Finlândia”, disse o pré-candidato. Para ele, três reformas (previdenciária, trabalhista e tributária) “constituem uma agenda permanente do país”. Aldo foi mais vago em relação às duas primeiras: “Precisam ter parâmetros”. Mas acrescentou que qualquer mudança precisa “propiciar crescimento e reduzir desigualdade”. 

O ex-ministro e ex-deputado fez críticas ao Judiciário, afirmando que a Justiça Eleitoral procura legislar, e sem citar nomes disse que “juiz de primeiro grau acha que tem mais poder do que o presidente da República”. Para ele, o atual governo “não tem prestígio, não tem credibilidade, não transmite confiança”. Mas Aldo ressaltou que não se tratava de crítica pessoal a Michel Temer, a quem manifestou “apreço e respeito”. 

Segundo Aldo, o próximo presidente vai ter de combinar “a paciência de Jó, a coragem de Davi e a sabedoria de Salomão”. 

A Abimaq preparou o documento O caminho para o desenvolvimento, que foi entregue aos pré-candidatos. A entidade informa representar aproximadamente 7.500 empresas, com quase 300 mil funcionários.

 

 

 

 

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