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Artistas de rua fazem esquenta para o Festival Lula Livre no Rio

Público começa a chegar aos Arcos da Lapa para acompanhar diversas atrações culturais em nome da libertação do ex-presidente Lula e pela realização de eleições livres no Brasil

Tiago Pereira / RBA

Artistas tocam e dançam em defesa da democracia e do direito de Lula participar das eleições deste ano

Rio de Janeiro Nos arredores dos Arcos da Lapa, um dos berços da cultura popular carioca, apoiadores do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva começam a chegar para participar do Festival Lula Livre na tarde deste sábado (28). No céu, tremulam pipas brancas e vermelhas que simbolizam o desejo de por eleições livres e pela liberdade de Lula, mantido há mais de 100 dias como “preso político” , segundo trabalhadores, militantes, artistas e simpatizantes que participam do evento.

Na Tribuna Popular, as pessoas manifestam em forma de arte a sua indignação. O médico Dylvardo Costa Lima, que participa do coletivo Médicos pela Democracia, veio de Fortaleza para deixar o seu recado “Pela Liberdade”, em forma de poesia. “Se prender, tem que ter prova, porque gente não é que nem gado. Porque a ação da nossa Justiça, se não for submissa tem que esperar o trânsito em julgado”, são algumas das estrofes da poesia.

“O que nós move é a injustiça. O povo quer o Lula, e a Justiça não prova nada contra ele. A gente tem que fazer alguma coisa. Eu sou muito inquieto, por isso fiz questão de vir aqui de todo jeito”, diz o médico e poeta cearense.

“O governo Lula foi o que mais deu atenção para a cultura negra e popular, por isso que a gente está aqui hoje”, afirma a jovem Ayesca Mayara, de 23, poetiisa da favela, da companhia Pacinho Carioca, que também deixou o seu recado contra o genocídio e as injustiças que são cometidas contra a juventude negra nas favelas. “A cada 23 minutos, um jovem negro é assassinado nas favelas do Rio”, afirma.

Enquanto aguardam as atrações do palco principal, que contará com shows de Chico Buarque, Gilberto Gil, MC Carol, Beth Carvalho, Odair José e dezenas de outras atrações, o público confere apresentações do Palco Música, com artistas populares que entoam canções de protesto. 

“O Brasil só começou a ser respeitado lá fora a partir do Lula”, diz o músico paraense Rafael Lima, que reside na Europa há mais de 20 anos, e exige a presença do nome ex-presidente Lula nas urnas. “Dia 15 (de agosto), a gente tem que ir para Brasília para registrar e garantir a sua candidatura.”

O bloco de carnaval Dalí Saiu Mais Cedo animou o público com versões de Bela ciao, clássico da resistência italiana, a russa Kalinka e Maracatu atômico, da banda Nação Zumbi. 

“O carnaval é e sempre será um ato político. Lutar para preservar essa potência é lutar pela rua que sempre nos foi tirada. Não vai ser o fascismo que vai nos obrigar a hastear a meio pau a bandeira da liberdade”, diz o porta-voz do bloco Dalí. 

Uma batida de fiscais do Tribunal Regional Eleitoral (TRE) do Rio apreendeu camisas e materiais impressos, inclusive uma bandeira do PT. Manifestantes reclamaram de censura. “Os partidos existem antes, durante e depois das eleições”, indignou-se a estudante universitária Júlia Freitas.

A banda Orquestra Voadora comandou o coro “olê, olê, olá, Lula, Lula” e “Lula livre”, em meio às tradicionais marchinhas e versões da música pop em ritmo de carnaval.

reprodução
Díaz: ‘luta pela liberdade de Lula significa “colocar o humano antes do mercado’

Chico  Díaz fala da importância de defender a liberdade de Lula

O ator Chico Díaz, ao chegar ao local do festival, disse que apoia a liberdade de Lula. Segundo ele, a luta pela liberdade de Lula significa “colocar o humano antes do mercado, e colocar o social antes dessa engrenagem perversa que está sendo criada (com o golpe institucional e midiático). O ator também disse que assumir uma postura de apoio ao campo progressista traz consequências e represálias, “mas a vida é essa, na vida tem o que a gente tenta ser, e como artista, ser testemunha do nosso tempo. Eu acho que é fundamental a gente se expor, claro que virão represálias, que virão problemas, mas não é de hoje”, respondeu, sorrindo.

O cantor e compositor Chico César falou sobre política e arte. “O fato é que sempre que falta espaço para a política, a arte traz para si esse papel. Nós tivemos isso nos anos 1960, 1970, na volta da democracia nos anos 1980 e de novo agora neste movimento”, afirmou, depois de dizer que não vê conflito entre seus papeis de ativista político e artista.

* Com colaboração de Paulo Donizetti de Souza e Cláudia Motta