Eleições 2018

Espero que Lula possa participar, diz Aldo Rebelo sobre eleição

Em debate na Força Sindical, pré-candidato pelo SD e ex-ministro da Defesa criticou intervenção militar no Rio de Janeiro: 'Exército é ineficaz para combater o crime comum'

Jaélcio Santana/FS

Aldo conversa com sindicalistas: ‘Muita gente acha que o nacionalismo é uma coisa ultrapassada’

São Paulo – Pré-candidato pelo SD à Presidência da República, o ex-ministro Aldo Rebelo disse nesta quinta-feira (21) que espera pela participação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva nas eleições de outubro. “Torço para que saia (candidato)”, afirmou, ao final de evento na sede da Força Sindical, em São Paulo. “Você não pode desejar que o nome que lidera as pesquisas fique fora da eleição”, acrescentou Aldo, que foi líder do governo Lula na Câmara.

Com discurso de alianças em torno de um programa nacional, Aldo comentou que “é muito cedo” para falar em acordos com outras legendas. Afirmou apenas que partidos como DEM e PSB apresentam divisões. “Eu posso unificar um monte de gente em torno do meu nome”, disse o pré-candidato, que teve rápida passagem pelo PSB, ao sair do PCdoB, antes de se filiar ao partido do deputado Paulo Pereira da Silva, o Paulinho, presidente licenciado da Força.

Ministro da Defesa no segundo governo Dilma, ele enfatizou o papel das Forças Armadas em diversas ações no interior do país, mas criticou a intervenção militar no Rio de Janeiro, uma operação com custo de pelo menos R$ 1 bilhão, estimou. “O Exército é ineficaz para combater o crime comum. Não é uma força treinada, adestrada, para isso. É para matar, destruir o inimigo. Não tem os meios, o conhecimento da geografia. Não dispõe de informações, de inteligência”, enumerou. Para ele, trata-se de “um custo muito alto e uma consequência muito próxima do zero”.

Aldo também defendeu uma visão nacional para a economia. “Muita gente acha que o nacionalismo é uma coisa ultrapassada. É o que os nacionalistas de outros países querem mais ouvir”, afirmou. “Sem a defesa da economia nacional, você não vai ter o emprego, o trabalho, a renda, o tributo, as divisas.”

O pré-candidato disse ainda não ser contra as reformas, desde que sejam feitas com critério. “Primeiro, não pode excluir ninguém do debate. Isso divide, imobiliza o país.” Além disso, qualquer mudança precisa “aumentar a competitividade e reduzir a desigualdade”. Segundo ele, quando estava na liderança do governo Lula, “estivemos perto de resolver” uma reforma na área tributária. “Perdemos a grande chance naquele momento.”

Seu discurso teve ênfase na questão educacional. “Se quiser falar de democracia verdadeira, cuide pelo menos da escola pública de qualidade”, afirmou, lembrando de seus tempos de estudante em colégio agrícola no interior – ele nasceu em Viçosa (AL). “Era o que salvava muita criança. Eu faria muitas escolas técnicas com internato”, acrescentou. “Se a escola, a família, o Estado não estiverem organizados, o crime está muito bem organizado para tomar conta dele (jovem).”

“Não tem recurso para nada se o Brasil não voltar a crescer”, afirmou Aldo. “O que é que gera emprego? Atividade econômica”, acrescentou, criticando a visão do atual governo. “Investimento não é despesa. É aquilo que te dá retorno mais adiante.” E defendeu alianças, dizendo que assim conseguiu aprovar diversas propostas na Câmara. “Meu partido (PCdoB) tinha 11 deputados. Eu não precisei oferecer um copo de água para ninguém.”

Ao fazer críticas sobre o atual poder do Judiciário, o pré-candidato disse que hoje “ninguém sabe quem manda no país” e que é preciso ter um governo “forte”, o que não significa uma ditadura. “Na política não precisa ser bonito, inteligente, falar bem. Agora, não pode correr com medo do berro da onça.” A uma sindicalista mais participativa da plateia, ele respondeu: “O que eu posso dizer à senhora é que eu vou pelo menos esperar a onça.”

O presidente interino da Força, Miguel Torres, que também o Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo e a CNTM, confederação nacional da categoria, lembrou que as centrais aprovaram uma agenda com as principais propostas dos trabalhadores para os candidatos. “Precisamos de um plano nacional de desenvolvimento que não seja de um governo, mas do Estado.”

 

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