Eleições 2018

Boulos lança plataforma de mobilização pela campanha à Presidência

'Projeto não é apenas para a eleição, é para as próximas gerações', disse o pré-candidato. Objetivo é reunir grupos de apoio e ação em todo o país, por financiamento e construção do programa de governo

Mídia NINJA

Segundo Boulos e Sônia, mobilização será feita por grupos de ação em todo o país. “Precisaremos de apoio e mobilização”

São Paulo (atualizado às 11h40) – A pré-campanha de Guilherme Boulos e Sônia Guajajara, pelo Psol, lançou na noite de ontem (22) a plataforma de mobilização “para reunir grupos de apoio e ação em todo o país”, segundo os pré-candidatos. A plataforma será o instrumento pelo qual a pré-campanha pretende obter seu financiamento e a construção do programa de governo, que  será feito em conjunto com a sociedade.

“Esse projeto não termina em outubro, vai muito além. Esse programa não tem prazo de validade em 2018. Queremos ganhar 2018, mas para que a vitória seja duradoura, temos que estar preparados para apresentar uma outra política, a política das eleições e da disputa da institucionalidade, mas igualmente a política das ruas, das ocupações, das lutas, sem medo de ocupar inclusive o poder “, disse Boulos no evento, realizado na Casa do Baixo Augusta, no centro de São Paulo.

“Um dos erros que a esquerda cometeu nesse país foi pensar política apenas a partir do calendário da próxima eleição.” Ele destacou que o projeto de sua pré-candidatura não é “apenas para a próxima eleição, mas para a próxima geração”. 

De acordo com Boulos e Sônia, a mobilização será porta a porta, com grupos de ação por todo o país, que já estão sendo montados. A aliança une Psol, PCB, movimentos sociais, ativistas e a sociedade de modo geral. “Essa é uma pré-campanha que não tem rabo preso com empreiteiro e banqueiro”, declarou Boulos. Por isso, explicou, a plataforma será fundamental ao processo da pré-campanha. “Precisaremos de apoio e mobilização.” A plataforma convida simpatizantes a participar da mobilização por meio de sua página na internet Vamos com Boulos e Sônia.

O coordenador do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) disse que a pré-campanha envolverá “o povo das favelas, das periferias, das ocupações, das palafitas, dos sem-terra, dos sem-teto, dos sem esperança, os que foram silenciados e só com muita luta fazem ouvir as suas vozes”. O projeto pretende somar “o Brasil profundo e as grandes cidades”, segundo ele.

O pré-candidato afirmou que o objetivo de seu projeto é politizar o debate na sociedade e “levar as bandeiras contra os retrocessos democráticos e de direitos” atualmente em marcha no Brasil.

Ele disse ainda que a proposta é inserir no projeto as pessoas que não se sentem representadas pela política tradicional e perderam a esperança, diante da injustiça e da desigualdade. “Vivemos uma sociedade em que cada um está sozinho no meio da multidão, às vezes sofrendo de depressão. Quando esse sofrimento encontra o acolhimento coletivo, se transforma em esperança.”

A produtora cultural Paula Lavigne participou do evento. Em rápida fala, ela afirmou que Boulos e Sônia lhe causaram “um impacto muito grande” e ficou impressionada com o movimento indígena e o movimento sem-teto. “Um encantamento e uma grande esperança.”

A economista e professora da Universidade de São Paulo (USP) Laura Carvalho será a coordenadora da área econômica do projeto da pré-candidatura. Frei Betto estará em grupo encarregado dos direitos sociais.

Os atores Wagner Moura, Alinne Moraes, Érico Brás e Bruno Mazzeo, entre outros, e o poeta Ferrez estão entre os apoiadores da chapa.

Boulos na Jovem Pan

Guilherme Boulos participou na manhã de hoje do programa Jornal da Manhã, da rádio Jovem Pan. Na sabatina, rebateu as críticas feitas por jornalistas ao Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), condenou o sistema político brasileiro e também defendeu o ex-presidente Lula.

Na entrevista, uma das jornalistas criticou o método de manifestação do MTST, com fechamento de vias, chamado esse tipo de ato de “baderna”. Boulos retrucou e disse que falta empatia de setores da mídia e da população com a pauta de moradia.

REPRODUÇÃO/JOVEM PAN
Guilherme Boulos criticou a falta imparcialidade da Jovem Pan

Na Diretas Já, os generais não saíram por boa vontade, foram derrotados. Mobilizações são legítimas em qualquer democracia. É muito fácil chamar de vagabundo e terrorista e não enxergar o que leva as pessoas a se manifestarem. Não ver a necessidade dos seres humanos sob uma lona preta e que não são atendidos pelo poder público. Sabe o que é baderna? É ter um Congresso Nacional que governa de costas para a população, faz um balcão de negócios e vende cargo parlamentar. Isso é baderna”, disse.

Logo depois, o comentarista Marco Antonio Villa fez alusões à crise na Venezuela. “Vejo você muito preocupado com as violações de direitos humanos de lá, mas pouco preocupado com as que acontecem aqui, debaixo do seu nariz. Você está mais preocupado com os direitos dos pneus, do que os direitos humanos”, ironizou o pré-candidato do Psol.

Taxado como “extremista” pela bancada do jornal, o líder do MTST disse que é apenas um retrato brasileiro. “O extremismo é a realidade do Brasil, como, por exemplo, ter seis bilionários com mais renda e patrimônio do que 100 milhões de pessoas. Extremismo é ter 8 milhões de imóveis vazios e seis milhões de sem-teto”, afirmou.

Ao ser indagado tantas vezes sobre as acusações de corrupção contra o PT, Guilherme Boulos disse que falta imparcialidade do veículo, que pouco fala da corrupção tucana. Ele também criticou o atual sistema político brasileiro e pediu mudanças no Judiciário.

“O sistema político brasileiro é baseado no financiamento de campanha por grandes interesses privados. A lei só mudou do CNPJ para o CPF, a lógica continua a mesma. Essa lógica precisa ser enfrentada com uma reforma política”, defendeu. “O desvio de recursos da Petrobras, que começa no governo de Fernando Henrique Cardoso, é um esquema condenável e precisa ser enfrentado por uma reforma política. Na Itália, houve a Operação Mãos Limpas, acabou com metade de um partido, mas depois teve o governo mais corrupto da história com Silvio Berlusconi.”

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