Eleições 2018

Aldo Fornazieri: PT deve indicar um candidato a vice na chapa do Lula

Para o professor da Escola de Sociologia e Política, a melhor tática da legenda é 'ir com Lula até o fim', mas é preciso oferecer 'uma alternativa ao eleitor indicando um vice imediatamente'

Reprodução

“É preciso construir alternativas democráticas para que haja uma equidade maior no processo eleitoral”

São Paulo – Para o cientista político e professor da Escola de Sociologia e Política (FESPSP) Aldo Fornazieri, a atitude do ministro Og Fernandes, do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que negou liminar pedida pelo PT para assegurar a participação de um representante do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em sabatinas com pré-candidatos à Presidência da República, é arbitrária. Na decisão, Fernandes remeteu o processo para análise do plenário da Corte.

Na representação feita ao TSE, o PT pede que seja dado espaço à legenda em um ciclo de sabatinas realizado pelos veículos Folha de S.Paulo, UOL e SBT, em que Lula deixou de ser convidado por estar preso. No entanto, segundo o ministro, não existe na legislação algum ponto que garanta a participação de pré-candidatos ou de seus representantes caso não possam comparecer.

“Dada a impossibilidade de o Lula comparecer aos eventos, penso que a Justiça deveria atender o pedido para que fosse um representante do partido. Mas acho que nesse ponto o PT tem que tomar uma medida imediata, indicar um candidato a vice na chapa do Lula”, sustenta Fornazieri, em entrevista aos jornalistas Marilu Cabañas e Glauco Faria, na Rádio Brasil Atual.

O professor acredita que, em vista desse contexto, seria necessário que a legenda apresentasse um nome para concorrer à vice-presidência na chapa de Lula. “Penso que essa estratégia de o PT não indicar um candidato a vice faz com que o partido perca espaço eleitoral. Queiramos ou não, a campanha de certa forma está andando, e à medida que o partido não tem interlocutor com a sociedade, com os diversos setores sociais que começam a se posicionar, evidentemente vai perder espaço político-eleitoral.”

Para Fornazieri, “a melhor tática que o PT deveria adotar seria ir com Lula até o fim, mas oferecer uma alternativa ao eleitor indicando um vice imediatamente”. Ele também comentou sobre quem seria esse possível vice. “Tem três nomes circulando. O de Fernando Haddad, que do meu ponto de vista seria a melhor opção porque apontaria também para a perspectiva de construção de um nome para o futuro, se eventualmente não vencesse a eleição em 2018; Jaques Wagner, ex-governador da Bahia, e o do ex-ministro das Relações Exteriores Celso Amorim.”
 
O uso do financiamento coletivo de campanha, o crowdfunding eleitoral, que se inicia nesta terça-feira (15), foi outro tema abordado por Fornazieri. “É preciso ver como vai se desenvolver essa experiência, mas é uma tentativa de buscar alternativas ao financiamento empresarial de campanhas, que causou distorções graves na democracia. O poder econômico se fazia sentir de uma forma muito aguda, muito forte, tendo em vista principalmente que boa parte dos deputados que está no Congresso Nacional foi eleita a partir da intervenção do seu poderio econômico.

“É preciso construir alternativas democráticas para que haja uma equidade maior no processo eleitoral e para que não haja essas distorções graves da democracia em que só a elite econômica é representada no Congresso. É preciso esperar para ver como essa experiência vai se desenvolver e a partir dela fazer retificações, avaliações, mudanças que possam melhorar esse tipo de instrumento nas campanhas eleitorais.”

Ouça a íntegra da entrevista:

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