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Delegados da PF pedem ‘transferência imediata’ de Lula

Sindicato da categoria tenta criminalizar manifestantes a favor do ex-presidente e os denomina como 'facções'. Senador Lindbergh Farias rebate: 'Mentem descaradamente'

Sandro

‘Nota parece uma mensagem do MBL de tão reacionária e mentirosa’, reagiu senador

São Paulo –  O Sindicato dos Delegados de Polícia Federal do Paraná (SINDPF-PR) solicitou nesta quarta-feira (11) uma “transferência imediata” do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que desde sábado está preso em uma sala da carceragem da PF em Curitiba. De acordo com policiais, a presença de Lula “oferece riscos à população e aos funcionários”.

A nota do sindicato denomina como “facções” os movimentos sociais que estão acampados próximos à sede da PF. Os delegados ainda pedem que o ex-presidente seja transferido para uma unidade das Forças Armadas, sem especificar nenhuma, que “possua estrutura à altura dos riscos”. 

“Há riscos à população que reside no entorno do prédio da PF, aos Policiais Federais (sic) e demais integrantes do sistema de segurança pública que moram nas imediações da sede da Polícia Federal, ao passo que alguns invasores, que já se instalaram com barracas e determinada estrutura, já estão promovendo ações no sentido de intimidar estas pessoas”, diz a nota.

A organização do Acampamento Lula Livre reafirma que o movimento “estará onde se mantiver a condenação injusta e sem provas, no contexto de nossa resistência pacífica”. Em nota, os acampados afirmam que “o tema dos moradores está sendo usado com má-fé, por pessoas e grupos que querem desviar o tema central, que é o arbítrio da prisão de Lula”. “Estamos instalados pacificamente em área pública. É notória a recepção dos moradores, que ajudam diariamente com água, energia elétrica, rede de internet. Muitos participam das atividades do acampamento, prestigiam nossas cozinhas e espaços culturais. A cada dia a imprensa presente pode verificar a melhoria na organização. A relação também é boa com o comércio”, assinala o comunicado.

 

Em seu Twitter, o senador Lindbergh Farias (PT-RJ) repudiou o posicionamento dos delegados. “Em nota criminosa à imprensa, chamam o acampamento da democracia de invasão, criminalizam a militância ao dizer que são “integrantes de facções”, mentem descaradamente ao citar ameaças a moradores e pedem transferência de Lula para um posto militar”, escreveu. “É inadmissível que o Sindicato dos Delegados da PF se apresente como porta-voz de uma verdadeira milícia federal. A nota parece uma mensagem do MBL (Movimento Brasil Livre, de extrema-direita), de tão reacionária e mentirosa”, acrescentou.

Leia a íntegra das notas abaixo:

Do Sindicato dos Delegados

O Sindicato dos Delegados de Polícia Federal do Estado do Paraná – SinDPF/PR,  solicitou, neste dia 11 de abril de 2018, via ofício ao Superintendente da Polícia Federal no Estado do Paraná, a transferência imediata do Réu condenado Luiz Inácio Lula da Silva da Sede da Superintendência Regional da Polícia Federal no Estado do Paraná (Rua Professora Sandália Monzon, 210, Santa Cândida, Curitiba/PR) para outro local que possa oferecer condições de segurança e que não traga os transtornos e riscos à população e aos funcionários da Polícia Federal.

Foi salientado no pedido que, na Sede da Superintendência Regional da Polícia Federal no Estado do Paraná, são realizados, além da rotina policial, atendimentos ao público, dentre eles, emissão de passaportes e questões relacionadas a produtos químicos, segurança privada, armas e emissão de certidões de antecedentes criminais da Polícia Federal.

Assim, diariamente, centenas de pessoas que frequentam estas instalações precisam, por razões diversas e relevantes, de segurança e agilidade no atendimento.

No entanto, desde que a Justiça Federal determinou que o Réu condenado Luiz Inácio Lula da Silva fosse conduzido para a Sede da Superintendência Regional da Polícia Federal no Estado do Paraná para cumprimento de sentença penal condenatória, em razão da invasão da região próxima deste prédio de centenas de pessoas ligadas a movimentos sociais e outras facções, por questões de segurança, foi determinado o bloqueio de acessos e demais medidas assecuratórias, causando graves inconvenientes e atrasos nos atendimentos e ações policiais.

Ademais, os Policiais Federais envolvidos nesta operação de segurança estão sem poder desenvolver suas atividades policiais normalmente.

No mesmo sentido, causando ainda mais preocupação a este Sindicato dos Delegados de Polícia Federal no Estado do Paraná, há comprovados riscos à população que reside no entorno do prédio da PF, aos Policiais Federais e demais integrantes do sistema de segurança pública que moram nas imediações da Sede da Polícia Federal, ao passo que os alguns invasores, que já se instalaram com barracas e determinada estrutura, já estão promovendo ações no sentido de intimidar estas pessoas.

Outrossim, outros Policiais Federais e moradores estão informando, extra oficialmente, que temem pela segurança de suas famílias em face das ameaças e presença de tais manifestantes.

Salientou ainda no pedido que, a Sede da Superintendência Regional da Polícia Federal no Estado do Paraná não é, sob nenhum aspecto, local apropriado para o cumprimento de sentença penal condenatória, por questões alusivas à segurança da população e à ordem pública, devendo, na opinião do Sindicato dos Delegados da Polícia Federal, o Réu condenado Luiz Inácio Lula da Silva ser imediatamente transferido deste local.

Por fim, foi afirmado no pedido que, pelas questões acima explicadas, a medida mais acertada seria a transferência imediata do Ex-Presidente para uma unidade das Forças Armadas, que possua efetivo e estrutura à altura dos riscos envolvidos.

Da organização do acampamento

Sobre o ofício e as declarações do sindicato dos delegados da Polícia Federal, as organizações à frente do acampamento Lula Livre, instalado nas imediações da Superintendência da Polícia Federal, afirmam que:

Seguimos em resistência no acampamento, exigindo a liberdade para o ex-presidente Lula. E estaremos onde se mantiver a condenação injusta e sem provas, no contexto de nossa resistência pacífica.

O tema dos moradores está sendo usado com má-fé, por pessoas e grupos que querem desviar o tema central, que é o arbítrio da prisão de Lula.

No que se refere ao acampamento, estamos instalados pacificamente em área pública. É notória a recepção dos moradores, que ajudam diariamente com água, energia elétrica, rede de internet. Muitos participam das atividades do acampamento, prestigiam nossas cozinhas e espaços culturais. A cada dia a imprensa presente pode verificar a melhoria na organização. A relação também é boa com o comércio.

Cumprimos os acordos coletivos de silêncio depois das 22h às 7h. Cerca de 80 pessoas da equipe de limpeza recolhem o lixo e fazem a limpeza todas as manhãs. E estamos sempre apontando melhorias na estrutura de banheiros.

Realizamos uma carta aos moradores, onde reafirmamos nosso pedido de desculpas pelo transtorno, mas não somos responsáveis pelas violações, pela violência de sábado, esta sim precipitada pela Polícia Federal, nem pela arbitrariedades que estão sendo cometidas contra Presidente Lula.

Atenciosamente,
Curitiba, 11 de abril de 2018

 

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