PROTESTO

Por Lula, deputados da oposição anunciam obstrução permanente na Câmara

Representantes do PT, PCdoB, PSB e Psol afirmaram que só voltam a discutir e votar na Casa depois que democracia seja restabelecida no país e que ex-presidente seja libertado

Luis Macedo/Ag. Câmara

Depois da obstrução anunciada nesta terça-feira, parlamentares da oposição vão seguir julgamentos dos tribunais sobre o tema, o acampamento em Curitiba e participar dos atos em apoio a Lula e defesa da democracia

Brasília – Depois de realizarem um ato dentro do próprio plenário da Câmara, deputados do PT, PCdoB, PSB, PDT e Psol anunciaram hoje (10) que estão em estado de obstrução permanente, em relação a todas as matérias e votações da Casa, até o restabelecimento da “situação de normalidade democrática no país”. A mobilização é mais um protesto contra a prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e inclui trabalhar pela sua libertação, além de tomar medidas judiciais contra arbitrariedades cometidas por parte da Polícia Federal e pelo fim da violência  contra manifestações de apoio a Lula.

Os deputados do PT também encaminharam requerimentos ao presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), solicitando que seja incluído “Lula” em seus nomes registrados na Casa e nas atas do plenário. Os primeiros a formalizar o pedido foram Paulo Pimenta (RS) e Margarida Salomão (MG), que querem ser identificados respectivamente como Paulo Lula Pimenta e Margarida Lula Salomão – todos os 60 deputados do PT devem apresentar requerimentos sobre o tema.

“Como Lula disse, quanto mais dias ficar na prisão, mais Lulas vão nascer no Brasil, seus sonhos continuarão em todos nós, na luta para a construção de um Brasil mais justo, desenvolvido e democrático”, lembrou Leo de Brito (PT-AC), autor da iniciativa.

O próximo passo dos parlamentares, depois da obstrução anunciada nesta terça-feira, é o acompanhamento dos julgamentos dos tribunais superiores sobre recursos e demais casos apresentados no Judiciário sobre o tema, a continuidade do acampamento em frente à sede da Justiça Federal em Curitiba e os vários atos programados para serem realizados no país esta semana pelos movimentos sociais.

Segundo o líder do PT na Casa, Paulo Pimenta, desde a última quinta-feira (5), quando foi encaminhado o pedido de prisão de Lula, o país apresenta “contornos típicos de um Estado de exceção”. Pimenta criticou o fato de a visita de governadores do Nordeste a Lula ter sido proibida pelo juiz federal de primeira instância Sérgio Moro e de o agressor da pré-candidata Manuela D’Ávila (PCdoB) ter entrado tranquilamente na sede da Polícia Federal, após ter cometido a violência.

Paulo Pimenta também lembrou áudios divulgados entre instrumentadores do voo que conduziu Lula até Curitiba criticando e xingando o ex-presidente. “Digam aqui se já viram qualquer preso no país ter direito a receber somente uma visita por semana, como é a situação atual do ex-presidente?”, questionou.

“Como é que 11 governadores saem dos seus estados para ver as condições em que o ex-presidente está encarcerado e são proibidos sequer de falar com ele? É algo que revela um Estado de exceção, estado policial e que nos preocupa. Até mesmo do ponto de vista da integridade do ex-presidente Lula”, acrescentou.

O deputado Orlando Silva (PCdoB) disse que foram desrespeitados ritos processuais e dispositivos constitucionais com esta prisão. De acordo com Silva, Lula foi preso injustamente sem que tivesse sido cumprido o devido processo legal. “Não é possível que não seja naturalizada a situação política que o Brasiul está vivendo hoje”, destacou.

Outro a falar, o deputado José Geraldo (PT-PA) destacou que “Lula é o primeiro preso político do país após a ditadura”. “Ele não apenas foi condenado sem provas como teve seu pedido de prisão decretado sem que tivessem sido julgados todos os recursos a que tinha direito. Temos certeza que foi uma ação planejada para tirar Lula da disputa presidencial deste ano”, reclamou.

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