'ACABOU O PUDOR'

Parlamentares se dizem perplexos com prisão imediata, que chamam de “covarde”

Lindbergh organiza vigília em frente ao prédio do ex-presidente. Vanessa ironizou: “Ainda dizem que a lei é para todos”. Humberto Costa aponta “caçada implacável contra Lula”

pt.org.br

Teixeira: prisão ilegal, inconstitucional, objetiva satisfazer o apetite político da direita e também do capital estrangeiro

Brasília e São Paulo – Parlamentares demonstram perplexidade ao comentar a decretação da prisão pelo juiz Sergio Moro. Todos disseram esperar que uma possível prisão só fosse decretada depois da próxima terça-feira (10), quando seria encerrado o prazo para apresentação dos chamados “embargos dos embargos” pela defesa. O líder do PT no Senado, Lindbergh Farias (RJ), convocou manifestantes para uma vigília em São Bernardo do Campo, no ABC paulista nesta quinta-feira (6) – o ato estava previsto para amanhã. Ao lado de colegas, ele chamou a decisão de “covarde”.

“Vamos chegar todos por volta das 5h na rua em frente ao prédio onde mora o presidente Lula, para dar todo nosso apoio a ele”, disse Lindbergh. O líder qualificou o gesto do juiz federal Sérgio Moro de “extrema covardia”. “Vocês estão vendo”, ironizou, numa referência à decretação da prisão menos de 24 horas após o resultado do julgamento do Supremo Tribunal Federal (STF), que negou habeas corpus ao ex-presidente.

O líder da Minoria no Senado, Humberto Costa (PT-PE), afirmou que o mandado de prisão foi “absolutamente açodado”. “Acabou o pudor. É uma caçada implacável declarada, desrespeitando todos os prazos legais, para tentar eliminar da vida pública o maior líder político deste país. Não passarão”, protestou.

A senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM) também demonstrou surpresa com a notícia. Conclamou as pessoas a reagirem e intensificarem gestos de apoio ao ex-presidente e protestou em rede social: “Como assim? Prisão de Lula é decretada e ainda dizem que a lei é para todos. Condenaram Lula sem provas e prendem sem trânsito em julgado. Ah, ele não é do PSDB. Vamos reagir”.

A parlamentar afirmou que “mesmo com o coração partido, é neste momento em que temos de, mais que nunca, nos mobilizarmos”. “Essa não será nossa primeira derrota nem será a última. Assim como já tivemos e teremos grandes vitórias”, acrescentou.

O deputado Paulo Teixeira (PT-SP) ressaltou, na sua página no Facebook, que com o mandado de prisão “o juiz arbitrário, símbolo do Estado de exceção, que ajudou a dar o golpe no Brasil, está realizando o desejo que já tinha quando começou a Lava Jato”.

“A prisão é ilegal, inconstitucional, objetiva satisfazer o apetite político da direita brasileira e também o capital estrangeiro, que tem muita relação com Sérgio Moro”, destacou.

Teixeira disse ainda que estava chegando à Universidade de São Paulo (USP) quando soube da notícia. Ele contou que, de lá, iria rapidamente a São Bernardo, para conversar com Lula “e ajudar na condução desse grave momento que o Brasil está passando”. 

“Trata-se da decretação de uma prisão política, que manchará indelevelmente a Corte Suprema. Sérgio Moro é um juiz que joga com as instâncias superiores, mas parece que não joga sozinho. Lula é o nosso candidato a presidente da República, exatamente pelas razões por que querem prendê-lo. Estamos indignados”, destacou o deputado.

 

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