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Para aliados, campo progressista precisa se ampliar

'Esse campo tem de ampliar', diz Wellington Dias. 'Temos de estar preparados para uma guerra longa', afirma Orlando Silva. Antigos companheiros de Lula se emocionam e choram

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Wellington Dias e Orlando Silva: união no campo progressista para uma luta que promete ser longa

São Bernardo do Campo (SP) –  “Se engana quem pensa que é possível prender alguém do tamanho do Lula”, afirmava o governador do Piauí, Wellington Dias (PT), pouco depois do ato em São Bernardo do Campo. “O Lula não cabe numa cadeia. O Lula é um projeto para o Brasil, para a geopolítica mundial”, acrescentou, pensando também nos próximos passos. “Agora, é hora de ter essa integração de um campo político. Esse campo tem de se ampliar. Quem defende a democracia sabe que eles não vão parar.”

Antes do ato, o deputado federal Orlando Silva (PCdoB-SP) mostrava abatimento com o desfecho das negociações que definiram a ida do ex-presidente para Curitiba, mas ponderou que era apenas uma batalha. “Estamos numa guerra. Temos de estar preparados para uma guerra longa”, afirmou, ressaltando a importância de “não romper todas as pontes com o Poder Judiciário”. 

O “jogo político” é depois, acrescenta Orlando. Neste momento, no campo do adversário, com a torcida contra e com juiz também apitando contra.

Aos poucos, os arredores do sindicato foram sendo tomados pelos manifestantes que aguardavam Lula e queriam, enfim, saber qual seria a sua decisão sobre se entregar à Polícia Federal. Não eram poucos e nem atordoados, como um veículo da mídia tradicional chegou a dizer. Estavam lá todos os presidentes do Sindicato dos Metalúrgicos no pós-Lula: Jair Meneguelli, Vicente Paulo da Silva, o Vicentinho, Heiguiberto Della Bella Navarro, o Guiba, Luiz Marinho, Sérgio Nobre, Rafael Marques e o atual, Wagner Santana, o Wagnão. 

Muitos choraram. “É preciso ser forte”, dizia Zelinha Feitosa, militante de décadas que mantém um café e uma pequena loja dentro do sindicato, onde é possível encontrar, por exemplo, camisetas de João Ferrador, personagem-símbolo dos metalúrgicos, criado nos anos 1970.

Ainda cedo, Vicentinho também se mostrava inconformado, falando em “estado de barbárie” no Brasil. “A prisão de Lula significa a prisão da esperança do povo brasileiro, por mais direitos, pela soberania do nosso país”, afirmou o deputado federal (PT-SP) e também ex-presidente da CUT. 

Já depois da missa, Dirceu Soares, outro ex-metalúrgico, lembrava da primeira Caravana da Cidadania, comandada por Lula em 1993, pelas regiões Nordeste e Sudeste, e as transformações, para melhor, que o Brasil teve nesse período.

Era para isso que Wellington Dias chamava a atenção, ao falar que está em jogo o “pacto” firmado na Constituição de 1988. “Esse pacto foi rasgado. O Parlamento quebrou o pacto, o Judiciário quebrou. A diferença é que a o Brasil já experimentou esse novo projeto (referindo-se a Lula). Será que vai abrir mão disso?”, questionou. Uma mulher se aproxima, preocupada: “Será que não vão fazer maldade com Lula na prisão?”. Ele tenta tranquilizá-la.

Lembrando de sua condição de “índiodescendente”, cita uma expressão em tupi-guarani: jijagum. “A luta continua”, traduz.

Perto dali, está o ator Osmar Prado, que pouco antes Lula havia cumprimentado no carro, dizendo considerar inesquecível o personagem Tabaco, da novela Roda de Fogo (1986/1987). “Nesse ajuntamento de pessoas, saio daqui fortalecido. Eu vim aqui também para me fortalecer.”

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