Sem saída

Em segunda tentativa, Lula consegue deixar o sindicato. Manifestantes tentaram impedir

Todos os portões da entidade estão ocupados por pessoas que não admitem que Lula se apresente à PF. Ele chegou a ser posto em carro para sair, mas teve de recuar. Gleisi tenta convencer a multidão

rba

Manifestantes bloquearam um dos portões de saída do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC

São Bernardo do Campo (SP) – O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva acaba de deixar o prédio do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC. Foi a segunda tentativa, depois de manifestantes impedirem na primeira por volta das 17h30. No mesmo momento, o presidente estadual do PT, Luiz Marinho, promoveu uma votação, em que a maioria dos manifestantes ainda presentes nos arredores decidiu apoiar a decisão de Lula, de se apresentar à Justiça.

Além de Marinho, falaram intensamente com o populares o líder do MST João Paulo Rodrigues, que informou que uma emissora de TV anunciou ter sido dado um prazo de 30 minutos para que a apresentação ocorresse – sob pena de ser decretada prisão preventiva de Lula. Falaram também a senadora Gleisi Hoffmann, presidenta nacional do partido, os deputados federais Paulo Teixeira e Carlos Zarattini. 

Foi dada a palavra a uma manifestante, identificada como Doralice, contrária à apresentação de Lula. “O sistema de Justiça brasileiro está podre. Temos que ficar aqui e ocupar as ruas”, disse.

Inconformismo

A maior parte dos manifestantes já havia ido embora, mas um grupo permaneceu e tentou impedir que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva deixe o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, em São Bernardo. Ele se preparou para deixar o local, mas não conseguiu. A previsão era de que ele sairia por volta das 16h, em direção ao Aeroporto de Congonhas, de onde viajaria para Curitiba, para a Superintendência da Polícia Federal.

Líderes petistas passaram a tentar convencer as pessoas a liberar a saída, alegando que o próprio Lula poderá ser prejudicado. A presidenta nacional do PT, Gleisi Hoffmann, informou que ontem o Ministério Público chegou a pedir prisão preventiva e que a PF deu prazo para que a situação se resolva. Há presença de policiais na área: “Não depende da nossa vontade, do que a gente quer. A gente precisa acumular força para enfrentar essa gente”.

Pouco depois das 17h, alguns deles bloquearam um dos portões de saída do sindicato, enquanto dois carros, com Lula em um deles, estavam posicionados do  lado de dentro para sair. Houve um princípio de confusão, algumas pessoas sacudiram o portão, e os carros recuaram.

Um pouco antes disso, às 16h50, Lula saiu na janela, no segundo andar, para saudar os manifestantes. Muitos continuaram gritando “não se entrega”.

Há movimentação também em Congonhas, para tentar impedir o embarque. Enquanto no ABC gritam “não vai sair”, no aeroporto o grito é de “não vai entrar”.

Amigos do ex-presidente admitiram que haveria muitas dificuldades de ele conseguir deixar a sede do sindicato. Todos os portões estão ocupados por manifestantes. “Negócio é esperar”, disse um deles. A presença da PF verificando a situação e a constatação de que Lula defendeu, em discurso, sua decisão de apresentar-se  já deveria permitir que seja considerado réu sob custódia. Mesmo assim, o boato de que haveria decretação de prisão preventiva correu forte.

O líder do MST (sem-terra) João Paulo Rodrigues enfatizou: “A posição dele (Lula) é se apresentar à Polícia Federal”, disse.

Os manifestantes que defendiam a não apresentação do ex-presidente passara a gritar “vamos para Congonhas”.