São Paulo – Após a prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, efetuada no sábado (7), se espalharam manifestações de apoio, pedindo a liberdade do ex-presidente. Ontem (11), voltou à tona o longa-metragem Linha de Montagem (1981), do diretor Renato Tapajós. O documentário faz uma radiografia do movimento sindical na região do ABC paulista, entre o final dos anos 1970 e início da década de 1980.

Foi neste período, mais precisamente em 1980, que Lula viveu sua primeira experiência no cárcere. Após grandes greves, a ditadura civil-militar (1964-1985) promoveu uma intervenção no então Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo e Diadema e prendeu alguns de seus líderes, entre eles o ex-presidente, com base na Lei de Segurança Nacional. Em 1979, por exemplo, foram aproximadamente 200 mil trabalhadores de braços cruzados em duas semanas de paralisação, com atos reprimidos pela polícia.

Ali estava um caldeirão que culminou na resistência que viria a derrubar a ditadura. Após uma industrialização tardia, a partir dos anos 1950 a região recebeu diversas fábricas de automóveis, mas seus trabalhadores viviam em condições precárias, com baixos salários e reféns de uma política voltada para outros objetivos, que não o desenvolvimento social. 

No filme – com narração de Othon Bastos e música-tema composta por Chico Buarque e Novelli –, é possível ver a trajetória do movimento, desde as grandes assembleias no estádio de Vila Euclides, em São Bernardo do Campo, passando pela trégua de 45 dias para que o governo cumprisse o prometido, e culminando na intervenção federal no sindicato.

Conectados, os problemas econômicos e a repressão aos trabalhadores foram estopim para o surgimento de líderes que bateram de frente com esse sistema. O mais emblemático deles: Lula. Esse é o enredo do documentário que servira para registro histórico, mas ganha novos ares de atualidade com a prisão política do ex-presidente.

Assista ao documentário: