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Defesa da democracia prossegue, mesmo após STF negar HC de Lula

Após fim de julgamento, parlamentares da oposição conclamaram a população a apoiar o ex-presidente e manter a mobilização. 'Não se pode perder a capacidade de lutar. Vamos para as ruas'

Ricardo Stuckert / IL

Após decisão do STF, Lula pode ter prisão decretada. Parlamentares organizam continuidade das mobilizações populares em defesa da democracia

Brasília – Encerrado o julgamento do Supremo Tribunal Federal (STF), que ontem negou habeas corpus ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, parlamentares da oposição, reunidos no apartamento do senador Roberto Requião (MDB-PR),  convocaram militantes e apoiadores a participar de uma nova mobilização pelo ex-presidente Lula, já a partir da manhã desta quinta-feira (5). A ideia é permanecer em frente à casa de Lula, em São Bernardo do Campo (ABC paulista), como forma de expressar apoio ao ex-presidente. “Vamos todos para São Bernardo. Este é nosso momento mais importante, o momento em que precisamos demonstrar mais apoio ao presidente Lula”, disse o líder do PT no Senado, Lindbergh Farias (RJ).

Emocionado, Farias qualificou o resultado do julgamento do tribunal como “um escândalo”.  “É claro que tivemos votos importantes para o nosso lado e temos de reconhecer isso, mas a verdade é que o Supremo chancelou o golpe desde o início. Muita gente nossa se iludiu demais com o Poder Judiciário”, afirmou o senador.

Lindbergh destacou que os ministros “foram acovardados, diante de pressões feitas pela Rede Globo, que até militares usou para chantagear o tribunal e a democracia brasileira.”

“O crime de Lula é estar na frente das pesquisas para a Presidência da República. Tiraram do governo a Dilma, que teve 54 milhões de votos, e agora querem humilhar o Lula porque ele está na frente das pesquisas”, ressaltou.

De acordo com o senador, apesar do abalo pelo resultado do julgamento, o principal recado a ser passado é que no momento é preciso olhar para frente e evitar que novos erros sejam cometidos

Constituição 

No mesmo tom, a senadora Lídice da Mata (PSB-BA) lembrou os seus tempos de deputada constituinte. “O presidente Lula e o povo brasileiro perderam uma garantia que a Constituição Federal de 1988 deu aos cidadãos. Eu fui constituinte, sei que a vontade dos constituintes foi garantir ao Brasil, a todos os brasileiros, o direito à presunção da inocência. A renovação do Supremo que se reafirma agora fere esse direito”, destacou.

“A gente sabe que os presídios possuem cerca de 40% de pessoas que nunca foram julgadas. Ou seja, essa questão, além do efeito político observado hoje, não é algo que alcança apenas o Lula, mas os mais pobres do país, que não têm direito de defesa, nem o alcance da Justiça”, disse ainda.

Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM) reiterou as palavras dos colegas. Para ela, apesar do resultado do STF, não se pode “perder a capacidade de lutar”.

“Temos de resistir a tudo isso. Claro que estamos muito machucados, mas é fundamental que estejamos, dentro de mais algumas horas, revigorados, para voltar às ruas”, afirmou a senadora.

“A cláusula constitucional de cumprimento de pena apenas após o trânsito em julgado não é interpretável, mas o pior não é nem isso e sim, o fato de que o presidente Lula foi condenado sem provas. Até hoje o apartamento não está no nome dele”, destacou.

Para Vanessa “o que está claro é que estamos vivendo a continuidade do golpe e esse golpe não é só para tirar as pessoas do governo, é muito mais perigoso, porque objetiva mudar um projeto de país”.

Por sua vez, a senadora Fátima Bezerra (PT-RN), reafirmou que as pessoas não podem, a partir de agora, “perder a capacidade de resistir e lutar”. “Sabemos que estamos do lado certo da história e seguiremos. Junto com os movimentos sociais e o povo brasileiro que quer o respeito à Constituição e a garantia da democracia.”

 

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