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Apoiadores escrevem cartas a Lula durante ato: ‘Ele roubou meu coração’

Com lembranças de experiências pessoais com o ex-presidente e de políticas públicas de seus governos, eles registram palavras de carinho para aquecer o coração de Lula em Curitiba

Comitê do Teatro e Ativistas pela Democracia

Em São Paulo, pessoas contaram suas histórias pessoas e mandaram palavras de apoio ao ex-presidente Lula

São Paulo – Em meio aos milhares de manifestantes que se reuniram nesta quarta-feira (11) no centro de São Paulo para pedir a liberdade do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, um grupo de ativistas, armados com canetas e pranchetas, fazia da palavra escrita a forma de resistência. Quem não quisesse, ou não soubesse escrever, podia ditar palavras de carinho a serem enviadas à Polícia Federal de Curitiba. “Lula livre” era o apelo que se repetia a cada carta escrita, misturado às experiências vividas relacionadas ao ex-presidente.

“As palavras dessa ação são simplicidade, delicadeza, escuta e escrita. É uma ação de base, olho no olho, para abrir uma fenda de contato e conversa”, relata a atriz Debora Duboc, uma das organizadoras da iniciativa. Ela conta que em iniciativa similar, na Tenda da Democracia, em Belo Horizonte, existe até uma impressora para que, junto com as cartas, o ex-presidente receba também fotos dos apoiadores.

“A coisa mais legal que aconteceu foi quando abordei uma senhora que não sabia escrever. Ela ditou a carta para mim, e eu mal conseguia escrever. Só de falar, já estou toda arrepiada”, conta a figurinista Tica Bertani. “Ela disse que sabia da força dele, que a justiça dos homens não é a mesma da justiça de Deus, e que ela estava orando muito por ele. Foi emocionante, porque pude escrever por ela. Talvez, se a gente não estivesse aqui, ela não ia conseguir escrever.”

A socióloga Silvia dos Santos, escreveu que, como Lula, era oriunda das camadas populares e minorias excluídas. “Sou filha de nordestinos, negra, gay, da periferia, sempre pobre. De repente, você vê políticas públicas que incentivam todas essas minorias de classes. Me identifico muito, amo o Lula demais. Ele roubou meu coração, mesmo. Todos estamos batalhando, e o que eu puder falar sobre ele de bom, sempre falo.” 

Pablo Miramar, que espera nomeação após aprovação em concurso público, se define como “um democrata convicto”, admirador do ex-presidente, mas não é militante, nem filiado a nenhum partido. “Acredito que essa é uma luta que já há muito tempo transcendeu qualquer partido político e a própria esquerda. Envolve todo cidadão que tem vergonha na cara, solidariedade, amor ao próximo e à democracia. Esse tipo de sentimento hoje se encarna no presidente Lula.”

Ele conta que o conteúdo da sua carta, “nada de muito político, uma coisa emotiva”, era quase uma conversa de “filho para pai”. “Deixei claro que para o presidente que ele é um amigo, apesar de nunca termos nos visto pessoalmente”, disse ele.

A professora de história Rosangela Galvani lembra que o seu pai conheceu Lula na porta da fábrica, ainda como metalúrgico. “Cresci com a história do sindicalismo, da CUT e do PT. Faz parte da minha vida. Quando o PT se formou, meu pai trazia os jornaizinhos para casa. Eu tinha 11, 12 anos de idade. Ele me mostrava as charges, de como eram importantes para chamar a atenção dos operários.” 

Na carta, ela relatou ainda cena emocionante, ocorrida anos mais tarde, quando foi com o pai ao cinema para ver o filme Lula, o Filho do Brasil“Contei essa história de quando eu era criança, dos jornaizinhos do PT. Escrevi sobre a cena do filme, levando o meu pai para ver. Desejo muita força para o Lula, nesse momento difícil. Todos nós estamos com ele.”

Com reportagem de Cláudia Motta

Assista à reportagem da RBA: