Reconstruir o Brasil

Redução das desigualdades depende de projeto soberano de Nação, diz Rabelo

Presidente de fundação ligada ao PCdoB diz que reindustrialização e democratização das estruturas do Estado são os grandes desafios para o país

Arquivo/EBC

“Nenhum país do mundo pode ter salários de qualidade e produtividade sem desenvolvimento industrial”

São Paulo – O presidente da Fundação Maurício Grabois, Renato Rabelo, diz que é necessário ao país definir de um novo projeto de desenvolvimento nacional, que garanta inserção autônoma do Brasil no cenário internacional, baseado na reindustrialização, além de reformas que democratizem o Estado brasileiro. Ele saudou a publicação do manifesto Unidade para reconstruir o Brasil,lançado na última terça-feira (20) em Brasília, elaborado pelas fundações ligadas a cinco partidos do chamado campo progressista (PT, PCdoB, PSB, PDT e Psol), como o ponto de partida para a construção desse novo projeto de desenvolvimento.

Rabelo deu detalhes da proposta em entrevista à Fundação Grabois, ligada do PCdoB, nesta sexta-feira (23).  Como desafios centrais desse projeto autônomo, Rabelo defende a necessidade de reindustrializar o país para que seja possível reduzir as desigualdades sociais. Ele lembra que esse setor chegou a responder por cerca de 37% do PIB, mas agora não atinge nem 10%.

Como é que se quer que um país consiga um desenvolvimento amplo, com salários de qualidade, para reduzir as desigualdades, sem a industrialização? Nenhum país do mundo pode ter salários de qualidade e produtividade sem desenvolvimento industrial”, afirma na entrevista.

Outro grande desafio, diz o político, é reformar as estruturas do Estado brasileiro. Rabelo defende uma reforma do Poder Judiciário, com estabelecimento de mandatos para os juízes das altas cortes, além de controle externo para os tribunais. “É o único poder que se autocontrola e autovigia. Precisa de controle externo.” 

Ele também defendeu a revisão de critérios nas concessões públicas de comunicação para pôr fim ao monopólio da mídia comercial. “A TV tem que servir ao povo brasileiro, não pode ser um monopólio. O Brasil talvez seja o país onde os meios de comunicação são mais monopolizados, o que gera um pensamento único.” 

Chegamos a algumas conclusões, que fazem parte do manifesto, que não é um ponto final, mas uma base inicial” que fortalece a interlocução entre os partidos, mas não apenas, continua. “Convidamos lideranças, fundações e movimentos para dialogar em torno dessa base inicial no sentido de criarmos convergências para enfrentar os problemas do reencontro do Brasil com a democracia, com a soberania nacional e progresso social”.

Ainda segundo Rabelo, o governo Temer representa o realinhamento do Brasil a um papel de subordinação “neocolonial” no sistema capitalista mundial, que tem as suas estruturas baseadas na livre circulação do capital financeiro, que privilegia o rentismo, e não a produção, e que atende aos interesses dos chamados países centrais, liderados pelos Estados Unidos. 

“Temer se atrela a essa ordem hegemônica neoliberal e caminha para se situar novamente na periferia do capitalismo. O atual governo volta a se subordinar ao domínio neocolonial. Daí o desmonte da democracia, do progresso social e da própria soberania do país”, conclui.

 

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