SEGURANÇA PÚBLICA

Jungmann assume ministério com troca na PF: sai Segovia, entra Galloro

Mudança foi comemorada pelos que estavam insatisfeitos com diretor que sai, mas vista como enfraquecimento do grupo político de Sarney. Oposição diz que nada muda e que questão é de falta de planejamento

beto barata / pr

Jungmann na cerimônia de posse: substituição no comando da PF seria anunciada amanhã, mas vazou no final da tarde

Brasília – O ministro de Segurança Pública, Raul Jungmann, demorou apenas sete horas após assumir o cargo para tomar uma medida drástica: substituir o atual diretor-geral da Polícia Federal, Fernando Segovia, pelo delegado Rogério Galloro. A decisão chamou a atenção de deputados e senadores que estão no Congresso em sessões deliberativas e chegou a ser comemorada por  parlamentares que criticavam Segovia, pela forma pouco diplomática com que vinha agindo no comando da PF.

Mas, ao mesmo tempo, foi vista como um fortalecimento da nova pasta e um enfraquecimento do grupo político do PMDB que ajudou a indicar o diretor – ligado ao ex-presidente da República José Sarney.

Um dos pontos que contribuiu para a substituição de Segovia se deu pelas declarações dadas por ele – tidas como suspeitas de blindar o presidente Michel Temer em investigação sobre decreto sobre o setor de portos. A medida foi vista como uma espécie de ação imediata de Jungmann para evitar saias justas logo no início das suas atividades.

O aval do Palácio do Planalto a Jungmann para fazer a troca, segundo informações de bastidores, foi dado na noite de ontem, mas tinha sido combinado que o anúncio só seria feito amanhã, quando está programada uma entrevista coletiva para o ministro apresentar seu plano de trabalho e principais assessores. Mas foi vazada no final da tarde.

Rogério Galloro é integrante do Comitê Executivo da Interpol e figurou na lista tríplice enviada para o presidente Michel Temer em 2017, quando estava sendo procurado um nome para a direção-geral da PF. Desde novembro ele atua na Secretaria Nacional de Justiça do Ministério da Justiça. Galloro é nome que desfruta da simpatia da Associação dos Delegados da Polícia Federal, ao contrário de Fernando Segovia.

O delegado que sai do cargo é considerado próximo do PMDB e ficou desgastado dias antes do carnaval quando declarou, em entrevista, que o inquérito contra Temer no processo que investiga propinas em caso referente a concessões para portos seria arquivado. Ontem (26), a procuradora-geral da República, Raquel Dodge, fez um pedido formal para que ele se afastasse, caso desse mais declarações que pudessem vir a prejudicar investigações em curso.

Cargos e DAS

O ministério extraordinário da Segurança Pública foi criado por meio da Medida Provisória (MP) 821/18 – que terá de ser aprovada pelo Congresso Nacional. Passa a agregar as polícias Federal, Rodoviária Federal, o Departamento Penitenciário Nacional (Depen) e a Secretaria Nacional de Segurança Pública (Força Nacional), além dos conselhos nacionais de Segurança Pública (CSNSP) e de Política Criminal e Penitenciária (CNPCP).

Também passam a ser competências do novo ministério planejar e administrar a política penitenciária nacional e coordenar a ouvidoria das polícias federais.

A nova pasta será formada a partir da transformação de 19 cargos de Direção e Assessoramento Superiores (DAS) do antigo Ministério da Justiça e Segurança Pública. Sendo que poderão integrar o ministério, ainda,157 cargos de DAS temporários criados no Ministério dos Transportes para atuar em inventários do setor ferroviário (que não mais serão extintos).

Ao ser empossado, no final da manhã, Raul Jungmann afirmou que o sistema carcerário se tornou o home office do crime organizado, uma vez que quadrilhas diversas continuam atuando dentro das penitenciárias. O ministro chamou o cenário de criminalidade no país de “tão ou mais desolador”.

A troca de comando na Polícia Federal foi vista como surpresa para os deputados de partidos diversos. Pauderney Avelino (DEM-AM) – de uma legenda que apoia a intervenção federal no Rio de Janeiro – disse que apesar da surpresa, considera normal o ministro procurar montar sua própria equipe.

Sobre Segovia, Avelino reconheceu que o diretor-geral da PF que sai “se envolveu em uma série de trapalhadas que tentou consertar e não conseguiu”. “Ele vinha sendo muito bombardeado e acredito que esta foi a melhor opção”, afirmou.

Já o líder da Minoria, José Guimarães (PT-CE), disse que a mudança pouco representa para a oposição. Segundo ele, a substituição de Segovia representa mais uma vez a instabilidade de um governo que não sabe como atuar. “O principal erro que vemos até hoje é o fato desse governo não saber o que quer fazer na segurança pública do país e cria um ministério sem planejamento algum”, destacou.

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