abaixo-assinado

Manifesto de apoio a Lula ultrapassa 80 mil assinaturas

Documento que denuncia 'vale tudo' jurídico para tirar petista das eleições de 2018 conta com apoios de Cristina Kirchner, Noam Chomsky e Chico Buarque

Ricardo Stuckert/Instituto Lula

Perseguição avança na medida em que Lula sobe nas pesquisas, e nem adiamento das eleições está descartado, segundo manifesto

São Paulo – Passou de 80 mil o número de pessoas que já assinaram o manifesto intitulado Eleição sem Lula é fraude, que denuncia a perseguição jurídica sofrida pelo ex-presidente, até o fim da manhã desta quarta-feira (27).

O abaixo-assinado – encabeçado por personalidades como a ex-presidenta argentina Cristina Kirchner, o filósofo norte-americano Noam Chomsky, o cantor e compositor Chico Buarque, os escritores Raduan Nassar e Milton Hatoum, os jornalistas Hildegard Angel e Mino Carta, o jurista Fábio Konder Comparato, o economista e ex-ministro Luiz Carlos Bresser-Pereira, entre outros – foi lançado no último dia 19, e denuncia o “vale tudo” contra Lula, na medida em que o ex-presidente segue subindo nas pesquisas. 

“Por isso, a trama de impedir a candidatura do Lula vale tudo: condenação no tribunal de Porto Alegre, instituição do semiparlamentarismo e até adiar as eleições. Nenhuma das ações elencadas estão fora de cogitação. Compõem o arsenal de maldades de forças políticas que não prezam a democracia”, diz um trecho do manifesto. 

O documento, também traduzido para o inglês, espanhol e francês, destaca que o golpe do impeachment contra a presidenta Dilma Rousseff não alcançou a estabilidade política pretendida, e projetos do governo Temer, como a dita “reforma” trabalhista e o congelamento de gastos, não atraíram os investimentos prometidos. Segundo o texto, uma eventual vitória de Lula “significaria o fracasso do golpe” e “possibilitaria a abertura de um novo ciclo político”. 

Confira a íntegra do manifesto

Manifesto Eleição sem Lula é fraude

A tentativa de marcar em tempo recorde para o dia 24 de janeiro a data do julgamento em segunda instância do processo de Lula nada tem de legalidade. Trata-se de um puro ato de perseguição da liderança política mais popular do país. O recurso de recorrer ao expediente espúrio de intervir no processo eleitoral sucede porque o golpe do Impeachment de Dilma não gerou um regime político de estabilidade conservadora por longos anos.

O plano estratégico em curso, depois de afastar Dilma da Presidência da República, retira os direitos dos trabalhadores, ameaça a previdência pública, privatiza a Petrobras, a Eletrobras e os bancos públicos, além de abandonar a política externa ativa e altiva.

A reforma trabalhista e o teto de gastos não atraíram os investimentos externos prometidos, que poderiam sustentar a campanha em 2018 de um governo alinhado ao neoliberalismo. Diante da impopularidade, esses setores não conseguiram construir, até o momento, uma candidatura viável à presidência.

Lula cresce nas pesquisas em todos os cenários de primeiro e segundo turno e até pode ganhar em primeiro turno. O cenário de vitória consagradora de Lula significaria o fracasso do golpe, possibilitaria a abertura de um novo ciclo político.

Por isso, a trama de impedir a candidatura do Lula vale tudo: condenação no tribunal de Porto Alegre, instituição do semiparlamentarismo e até adiar as eleições. Nenhuma das ações elencadas estão fora de cogitação. Compõem o arsenal de maldades de forças políticas que não prezam a democracia.

Uma perseguição totalmente política, que só será derrotada no terreno da política. Mais que um problema tático ou eleitoral, vitória ou derrota nessa luta terá consequências estratégicas e de longo prazo.

O Brasil vive um momento de encruzilhada: ou restauramos os direitos sociais e o Estado Democrático de Direito ou seremos derrotados e assistiremos a definitiva implantação de uma sociedade de capitalismo sem regulações, baseada na superexploração dos trabalhadores. Este tipo de sociedade requer um Estado dotado de instrumentos de Exceção para reprimir as universidades, os intelectuais, os trabalhadores, as mulheres, a juventude, os pobres, os negros. Enfim, todos os explorados e oprimidos que se levantarem contra o novo sistema.

Assim, a questão da perseguição a Lula não diz respeito somente ao PT e à esquerda, mas a todos os cidadãos brasileiros. Como nunca antes em nossa geração de lutadores, o que se encontra em jogo é o futuro da democracia.

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