NOVA DESCOBERTA

Para Polícia Federal, Aécio usou ‘laranjas’ para fazer ligações telefônicas clandestinas

Celulares apreendidos com o senador têm como donos pessoas simples. Congresso vive novo dia de tensão por conta de relatório sobre atividades suspeitas do senador tucano

Fabio Rodrigues Pozzebom

O senador Aécio Neves, do PSDB, envolvido em novas denúncias da Polícia Federal

Brasília – O Congresso vive um dia de tensão e mal estar, em meio à agenda de votações da Câmara e do Senado. Tudo por conta da notícia, divulgada no início da manhã por vários veículos de imprensa, de que relatório elaborado pela Polícia Federal (PF) revela haver indícios de que o senador Aécio Neves (PSDB-MG) teria usado celulares registrados em nome de laranjas para fazer ligações sigilosas.

A observação feita pelo documento da PF tomou como base objetos apreendidos no apartamento do senador no Rio de Janeiro, em maio passado. E provocou constrangimentos entre parlamentares integrantes do PSDB e de outros partidos vinculados ao tucano mineiro.

Até agora, diante do grande número de reuniões nas comissões técnicas, ninguém falou oficialmente a respeito, nem por parte da oposição, nem mesmo por parte do senador ou da executiva do PSDB. Na assessoria de Aécio, as informações são para que os jornalistas procurem seu advogado de defesa, Alberto Zacarias Toron.

Toron, por sua vez, disse que não pode se pronunciar ainda por não ter tido acesso à íntegra do relatório e, por isso, ter conversado diretamente sobre a questão com o seu cliente.

Expectativa por resposta

Espera-se para o meio da tarde, além de pronunciamentos ácidos dos senadores sobre o caso no plenário, também alguma resposta oficial de Aécio – seja por meio de nota, por intermédio de seu advogado ou por alguma entrevista. 

De acordo com as informações da PF, os celulares foram encontrados no closet do apartamento de Aécio Neves e consistem em aparelhos simples, sem muita tecnologia. A apreensão cumpriu determinação judicial para mandado de apreensão nos dois endereços do parlamentar feita pelo ministro Luiz Edson Fachin, relator da Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF).

A iniciativa de Fachin foi adotada logo após a divulgação da gravação de conversa entre Aécio e o empresário Joesley Batista, divulgada na delação premiada de Batista, no dia 17 de abril passado. No encontro, o senador pede R$ 2 milhões ao empresário e acerta como pode ser feita a entrega do dinheiro.

‘Pessoas simples’

Em tom lacônico, o relatório da Polícia Federal destaca que “pelas descrições dos itens 20 e 25 acima, tratam-se de aparelhos telefônicos simples/descartáveis normalmente utilizados para conversas ponto-a-ponto (análogo a uma rede fechada) com pessoas determinadas/restritas de modo a evitar eventuais vazamentos do número utilizado na ligação, visando a maximização do sigilo das ligações”.

Após investigar os proprietários dos aparelhos junto às operadoras de telefonia, ficou constatado que um está no nome do agricultor Laércio Oliveira, que trabalha no cultivo de café em fazendas do interior de Minas Gerais. E o outro, no nome de Mitil Ilchaer Silva Durao, montador de andaimes, residente no Espírito Santo.

Além disso, um dos aparelhos já havia sido registrado em nome de Valquiria Julia da Silva e Agnaldo Soares, pessoas que têm contato com familiares do parlamentar.

Valquiria trabalha como empregada doméstica para a irmã de Aécio, a jornalista Andréa Neves. Já Agnaldo, trabalhou como motorista de Andrea no ano passado. 

No relatório, a PF ressalta que todos os proprietários dos aparelhos são pessoas simples e que “não se pode descartar a possibilidade de os celulares terem sido habilitadas sem o consentimento delas”.

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