Direitos de volta

Eleito em 2018 que não fizer referendo não conseguirá governar, diz Lula

Para ex-presidente, é preciso revogar as 'tranqueiras' feitas pelo atual governo. Segundo ele, Temer fez reformas por ser refém do sistema financeiro

Ricardo Stuckert

Para ex-presidente, sindicatos terão de “brigar mais”, contestar e explicar ao trabalhador a “encalacrada” das reformas

São Paulo – Para o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o candidato vencedor nas eleições presidenciais do ano que vem deverá, como uma de suas primeiras medidas, encaminhar um referendo para anular políticas adotadas pelo atual governo. “Quem quer que ganhe as eleições de 2018, se não tiver coragem de fazer um referendo revogatório, não vai conseguir governar”, afirmou Lula, no início da noite desta quinta-feira (30), durante plenária da Federação dos Sindicatos de Metalúrgicos da CUT São Paulo (FEM-CUT/SP), em São Bernardo do Campo, no ABC paulista.

Ao comentar a “reforma” trabalhista, ele afirmou que nem Fernando Henrique Cardoso, quando presidente, teve coragem de acabar com a chamada Era Vargas. Acrescentou que nem alguém eleito com “99%” faria isso, para dizer que Michel Temer, por não ter “nenhuma autoridade política e moral, é refém do sistema financeiro, de um grupo de empresários que sempre achou que o trabalhador não devia ter direitos”. 

Para Lula, agora é preciso demonstrar, claramente, o que significa a lei que mudou as regras trabalhistas, sem usar chavões. “Não soubemos explicar para o povo o que é essa reforma. Foi uma encalacrada, foi rasgar 80 anos de conquista”, disse o ex-presidente. “O trabalho intermitente é quase que uma volta à escravidão.”

Ele lembrou que a CUT sempre defendeu o contrato coletivo de trabalho, só que isso não significava “rasgar” a CLT, mas acrescentar direitos. Agora, emendou, os sindicatos terão de “brigar muito” e contestar mais. 

“Não temos responsabilidade pelo golpe”, disse Lula. “Não temos responsabilidade se uma parcela da sociedade saiu às ruas e rasgou o voto de 54 milhões de eleitores. Nós temos é de contestar mesmo, temos de fazer o discurso da contestação.”

Segundo o ex-presidente, embora o “economicismo” faça parte da atividade sindical, as entidades não podem esquecer que são também instituições políticas. Não é possível aceitar, exemplificou, que alguém como Paulo Skaf (presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) tenha mais votos em uma fábrica do que um trabalhador.

A plenária da FEM-CUT começou hoje e vai até amanhã. Pela manhã, participou o sociólogo e professor da Universidade Federal do ABC Jessé Souza, que recentemente lançou o livro A Elite do Atraso – Da Escravidão à Lava Jato.

Segundo o presidente da entidade – que está completando 25 anos –, Luiz Carlos da Silva Dias, o Luizão, participam representantes dos 14 sindicatos filiados e de oposições metalúrgicos em Sertãozinho, São José dos Campos e Limeira. No final, os sindicalistas deverão aprovar um plano de lutas.

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