Corpo a corpo

Temer recebeu 20% da Câmara durante o mês de outubro

Mais de 100 deputados foram ao Planalto durante esforço para escapar de denúncia. Alguns estiveram com o presidente no próprio dia de votação

Marcos Corrêa/PR/FotosPúblicas

Mesmo com reuniões frequentes, presidente perdeu votos em relação à primeira denúncia votada na Câmara

São Paulo – Apenas do dia 3 até hoje (26), Michel Temer recebeu 110 deputados no Palácio do Planalto, mais de 21% do total de parlamentares da Câmara. Foram muitas audiências individuais e outras em bloco, às vezes com a presença de ministros, como Eliseu Padilha, Henrique Meirelles e Moreira Franco. Alguns foram inclusive ontem, no dia da votação na Câmara da segunda denúncia contra Temer. O presidente perdeu votos em relação à primeira, mas novamente escapou.

O incomum esforço de aproximação entre Executivo e Legislativo parece estar dando resultado, já que 98 dos 110 deputados disseram “sim” ao arquivamento da denúncia feita pela Procuradoria-Geral da República. Dos recebidos no Palácio, foram apenas três “nãos”, além de algumas ausências.

Alguns foram recebidos diversas vezes, caso de Beto Mansur (PRB-SP), que esteve seis vezes com Temer. O deputado Heráclito Fortes (PSB-PI) foi quatro vezes ao Planalto, uma acompanhado de Moreira Franco. O líder do governo na Câmara, Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), esteve lá cinco vezes, uma com Eliseu Padilha e outra com o ministro Torquato Jardim, da Justiça). O líder no Congresso, André Moura (PSC-SE), fez quatro visitas, uma também com Eliseu.

Também marcaram presença o presidente da Frente Parlamentar Evangélica, deputado Takayama (PSC-PR), e o líder da Frente Parlamentar Agropecuária, Nilson Leitão (PSDB-MT), juntamente com a diretoria.

Os representantes da bancada ruralista estiveram no Planalto no dia 10. Um dia depois, o ministro do Trabalho, Ronaldo Nogueira, esteve com Temer. Passados mais dois dias, ele assinaria a Portaria 1.129, que flexibilizou conceitos de trabalho escravo, provocando protestos dos auditores-fiscais, entidades de direitos humanos e dos Ministérios Públicos Federal e do Trabalho.

A quantidade é presumivelmente maior, pois na agenda oficial de Temer consta, no dia 23, audiência com “líderes da base aliada”. 

Alguns deputados estiveram com o presidente ainda ontem, no mesmo dia da votação que livrou Temer. Casos de Dr. Silvan Malheiros (SP), Aluísio Mendes (MA), vice-líder do partido, Jozi Araújo (AP) e Ademir Camilo (MG), todos do Podemos. Os deputados disseram “sim”, assim como Caio Narcio (PSDB-MG). Saraiva Felipe (PMDB-MG) foi hoje, um dia depois. 

Temer teve menos votos desta vez em comparação à primeira denúncia, em agosto. Naquela ocasião, venceu por 263 a 227. Agora, 251 apoiaram o presidente e 233 foram contra. Nas duas vezes, o PSB, declaradamente de oposição, contou com 11 votos pró-Temer e 22 contra – a líder do partido, Tereza Cristina, favorável ao governo, esteve no Planalto. O PSDB, que tem quatro ministérios, ficou um pouco menos dividido desta vez contra o ocupante do Planalto (de 22 a 21 a favor do presidente para 23 a 20 contra agora).

Entre outros aliados, o número de votos contra Temer aumentou de 18 para 22 no PSD e de cinco para 7 no DEM, partido do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (RJ), que foi ao Palácio nos dias 18 e 24 (véspera da votação).