justiça histórica

Manifestantes marcham em Brasília pela anulação do impeachment

'Nosso ato é para anular o impeachment e para a Dilma voltar. Temos que mostrar indignação, essa é nossa força', diz o deputado Paulo Pimenta (PT-RS). Manifestantes pressionam o STF para julgar o tema

reprodução/causaoperariatv

‘Somos heróis e estamos fazendo história. Estamos do lado certo’, afirmou uma das organizadoras do ato, Edva Aguilar

São Paulo – Comitês de luta contra o impeachment da presidenta eleita em 2014, Dilma Rousseff (PT), realizaram hoje (11), com militantes do PCO, uma mobilização em Brasília para pedir que o Supremo Tribunal Federal (STF) anule o processo. A campanha pela anulação conta com apoio de políticos, artistas, estudantes, intelectuais e trabalhadores signatários de um abaixo-assinado sobre o tema. “Nosso ato é para anular o impeachment e para a Dilma voltar. Temos que mostrar indignação, essa é nossa força”, disse o deputado federal Paulo Pimenta (PT-RS).

A intenção do abaixo-assinado, reforçado pelo ato, é impetrar uma ação popular junto ao STF para exigir celeridade no julgamento de um mandado de segurança, de autoria da defesa de Dilma, para que a Corte efetue um julgamento justo sobre o impeachment. “Esse golpe está desmoralizado. Os capitães foram o senador Aécio Neves (PSDB-MG), Michel Temer (PMDB-SP) e Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que hoje está preso”, disse o senador Lindbergh Farias (PT-RJ).

“Está claro que houve uma compra de parlamentares. Isso está na delação do Lúcio Funaro. Houve uma movimentação irregular, inconstitucional, que afastou uma presidenta honesta que não cometeu crime algum. Acusaram-na de pedaladas fiscais em meio a uma República desmoralizada, dos milhões de Geddel Vieira Lima e do dinheiro da mala do Rocha Loures”, completou o senador.

Caravanas de todo o Brasil chegaram a Brasília durante a manhã. A deputada Erika Kokay (PT-DF) afirmou que o impeachment representou “uma das mais profundas injustiças” contra o país. “Esta nação que tem a resiliência e a resistência de um povo que se quer fazer feliz. Por isso, digo que não podemos apenas assistir ao que estão fazendo no Brasil. Esse governo Temer golpeou a Dilma de forma absolutamente ilegal para vender o Brasil a preços aviltantes e para tirar direitos, além de se proteger de toda sorte de denúncias de corrupção.”

“Precisamos protestar e dizer que o Brasil, para se fazer democrático novamente, tem que ter Dilma de volta. Estamos dizendo que nossa história não é massa de modelar para que façam o que quiserem, para que os golpistas tripudiem da vida do povo brasileiro. Minha história faço eu, por amor a este Brasil”, completou Erika.

Agradecimento

Dilma enviou uma mensagem para os participantes do evento para agradecer e ressaltar a importância do tema. “Está cada vez mais claro que o impeachment sem crime de responsabilidade praticado contra o meu mandato foi um golpe contra a democracia, contra o povo brasileiro e contra nossa nação. O Brasil sofre e percebe a situação de descalabro em que foi mergulhado pelos golpistas. Perda diária de direitos, crescentes ações contrárias à nossa soberania e ameaças concretas ao Estado Democrático de Direito.”

“A denúncia contra o golpe tem sido diária e a luta contra o impeachment constante. Agradeço a todos brasileiros e brasileiras que estão nas ruas se manifestando em favor da anulação do impeachment. Mulheres guerreiras. Agradeço especialmente Edva Aguilar. Anular o impeachment para restaurar a democracia. Lutar para barrar o golpe e garantir eleições diretas”, completou a presidenta eleita, citando uma das organizadoras do movimento.

“Sei da dificuldade que foi chegar em Brasília e sei como é difícil conseguir patrocínio para estas caravanas. Somos heróis e estamos fazendo história”, disse Edva. Estamos do lado certo. A mídia e a Justiça atrapalham a visão da realidade das pessoas. Nossa luta está crescendo. Fico feliz de ver muitas vozes. Tem comitês contra o golpe inclusive em cidades do exterior.”

“Queremos a anulação do golpe, o que não é tão difícil. É muito mais fácil conseguir seis votos do STF para derrubar o golpe do que dialogar com o Congresso coalhado de pessoas que não defendem pautas populares. Estamos aqui com energia, para gritar para o Supremo anular o golpe. Pautem o processo, os mandados de segurança. É a chance que vocês têm de se redimir diante da história”, completou Edva.

Também se manifestou sobre o ato a deputada Maria do Rosário (PT-RS). “O golpe no Brasil acabou com a democracia. Este golpe foi conferido contra alguém que foi eleita com 54 milhões de votos, que foi a presidenta Dilma. Claro que precisamos investir e pensar na democracia a cada dia, e lutar por ela em várias frentes. Uma delas, que é essencial, que temos esquecido muito, é a anulação deste ato ilegal, inconstitucional, que foi o impeachment”, disse.

“Foi golpe e precisa ser anulado, temos que exigir isso do STF. Por isso esse ato em frente ao Supremo. Vamos seguir lutando ao lado de pessoas que estão fazendo um abaixo-assinado no Brasil inteiro. Anula o golpe, anula o impeachment. Isso é lutar pela democracia. Se não lutarmos pela democracia, teremos grande dificuldade de vencermos o processo eleitoral, porque eles vão viciar o processo, vão fazer o que quiserem. E os golpes se avolumam. Foi a Dilma, agora os ataques ao Lula, aos direitos dos trabalhadores. Anular o golpe é fazer valer a democracia e a Constituição”, completou Maria do Rosário.