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Ethos deixa Conselho de Transparência do Senado após votação do caso Aécio

'Invertemos a lógica de uma casa parlamentar que deveria representar o povo em uma política do 'toma lá dá cá' permanente que o governo Temer tem impingido à população brasileira', diz presidente

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“A maioria absoluta do Senado atuou contra as expectativas do povo brasileiro”, diz Caio Magri

São Paulo – O Instituto Ethos decidiu nesta quarta-feira (18) sair do Conselho de Transparência e Controle Social do Senado. De acordo com seu diretor-presidente, Caio Magri, a entidade não pode compactuar com a decisão tomada pelo plenário da Casa na última terça-feira de revogar as medidas cautelares impostas pelo Supremo Tribunal Federal (STF) ao senador Aécio Neves (PSDB-MG).

“A decisão aconteceu depois de bastante reflexão sobre o descolamento que a gente está tendo, extremamente preocupante, crítico, entre as instituições como o Senado e a Câmara dos Deputados da sociedade. O Ethos, quando aceitou participar do Conselho de Transparência do Senado, aceitou para contribuir, ampliar a transparência, a integridade e a possibilidade de termos uma instituição mais próxima da população”, explica Magri em entrevista a Terlânia Bruno, da Rádio Brasil Atual.

“O Senado abriu mão de manter as investigações extremamente importantes sobre figuras da República e cumprir o seu papel de ser um instrumento de responsabilidade e representação do povo brasileiro. Nós não podemos compactuar com isso. O Ethos prefere se retirar do Conselho, colocar à disposição do Senado sua capacidade de contribuir com ações de fato efetivas para transparência e integridade, mas não podemos nos manter em um espaço político que tem, reiteradamente, tomado posição em decisões contrárias aos desejos e demandas populares”, aponta o diretor-presidente do Ethos.

Ele também destacou avanços obtidos pelo Conselho. “Conseguimos construir uma ferramenta de diagnóstico de transparência dos Legislativos do Brasil, seja nas Câmaras Municipais, nas Assembleias Legislativas, na Câmara dos Deputados e no próprio Senado Federal”, pontua, lembrando que isso possibilita que as pessoas possam pressionar para que Legislativos sejam mais transparentes.

Para Magri, houve uma inversão de valores no atual panorama político do país. “O Senado, e não estou dizendo que são todos os senadores e senadoras, mas a sua maioria absoluta, atuou contra as expectativas do povo brasileiro. Não podemos mais tolerar, de forma alguma, que não se aplique com justiça a punição àqueles todos envolvidos na corrupção, na apropriação e na captura do Estado para interesses privados e individuais”, afirma. “Invertemos a lógica de uma casa parlamentar que deveria representar o povo em uma política do ‘toma lá dá cá’ permanente que o governo Temer tem impingido à população brasileira.”