Educação em perigo: temos de interromper o golpe, diz presidenta da CUT-MG
'Enquanto aquela quadrilha continuar em Brasília, o povo vai pagar a conta do pato amarelo', afirma Bia Cerqueira. 'Acham que investir em educação é gasto', critica Lula
Publicado 25/10/2017 - 11h16
São Paulo – Em ato na cidade mineira de Teófilo Otoni com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que no segundo dia da caravana por Minas Gerais esteve passou pela cidade de Teófilo Otoni, a presidenta da CUT-MG, Beatriz Cerqueira, afirmou que toda a rede de ensino sob controle do governo federal – escolas técnicas, universidades e institutos federais – está em risco devido aos cortes do governo Temer na educação.
Bia, como é conhecida, destacou, que no Orçamento da União para 2018, a previsão de gastos do governo federal para a área é de R$ 3,5 bilhões, enquanto, em 2015, esse montante foi de R$ 7,9 bilhões.
“Estamos perdendo a educação pública porque este governo, além de corrupto, ilegítimo e golpista, retira os direitos da classe trabalhadora. Precisamos interromper este golpe. Enquanto aquela quadrilha continuar em Brasília, o povo, nós, vamos pagar a conta do pato amarelo. Não haverá escola pública, universidade, nem a lei do piso para os professores”, afirmou Bia, que também é coordenadora do Sindicato Único dos Trabalhadores da Educação de Minas Gerais (Sind-UTE/MG).
Filho de um pedreiro e uma costureira, o médico Diego Tameirão, afirmou que foi graças ao ProUni que ele pôde se formar em Medicina. “Esse programa foi uma profecia na minha vida. Graças ao ProUni, que o senhor criou para a população carente, para a população desassistida, eu me tornei médico. Há três anos, sou médico e trabalho no SUS com muito orgulho”, afirmou ao ex-presidente.
Leia também
- Caravana chega ao Vale do Jequitinhonha e norte de Minas
- Viveiro do MST em Periquito, Minas, recupera assentamentos e sonhos
- No Rio Doce, crime ambiental, abandono e desespero viram luta
- Rogério Correia: Caravana de Lula em Minas é aceno para o país reagir
Lula disse que o intuito da Caravana, que chega ao seu terceiro dia, em Minas Gerais, nesta quarta-feira (25), é verificar se as políticas públicas criadas durante os governos do PT estão dando resultado.
“É só olhar quais são os países mais atrasado e mais pobres e os que são mais ricos. Os mais ricos são aqueles que investiram em educação. Os mais pobres, não investiram em educação. E porque o Brasil não investiu em educação? É porque a elite brasileira que governou esse país nunca teve interesse em que as pessoas mais pobres tivessem acesso à educação”, afirmou Lula.
Antes de falar ao público, o ex-presidente visitou a Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e do Mucuri, em Teófilo Otoni, um dos 16 campi construídos em Minas Gerais durante os governos petistas. Segundo Lula, iniciativas como essas ajudam no desenvolvimento da região, com a criação de empregos mais qualificados e com melhor remuneração.
Lula criticou Temer e a Emenda Constitucional 95, que impõe um teto por 20 anos para os gastos do governo em áreas estratégicas, como saúde e educação. “Eles aprovaram uma emenda para dizer que educação é gasto, uma PEC fazendo com que, por 20 anos, a gente não possa investir nem na educação, nem na saúde. Eles acham que investir em educação é gasto.”
Ele atribuiu o esforço para a ampliação e interiorização do ensino superior durante o seu governo ao fato de “sentir na pele” a falta de um diploma universitário. destacou que o fato de não ter tido acesso a um diploma universitário.
“Jurei para mim mesmo que eu ia fazer com que os filhos das pessoas mais pobres – negros, brancos e índios, que moram nas favelas ou nas cidades – tivessem o direito de ter acesso a uma universidade. Não quero tirar o direito de ninguém. Não quero tirar nenhum rico para colocar um pobre. O que quero é que todos tenham a mesma oportunidade.”
Coxinhas
Ao lado do prefeito da cidade, Daniel Sucupira (PT), Lula provocou um grupo de manifestantes que gritavam palavras de apoio ao deputado federal Jair Bolsonaro, e cobrou “vergonha na cara” daqueles que apoiaram o impeachment de Dilma.
“O que eu acho engraçado é que muitos coxinhas comiam mortadela e arrotavam peru. No meu governo, eles aprenderam a comer peru, aprenderam a comer carne de primeira. Não quero que eles sejam agradecidos, só quero que tenham vergonha na cara, porque eles derrubaram a Dilma, e olha o que eles colocaram no lugar.”