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Cordisburgo, ‘Cidade do Coração’, recebeu Lula de braços abertos

A pequena cidade mineira parou para ver a caravana passar; hotéis lotados e orgulho dos Miguilins ao emocionar o ex-presidente e a presidenta Dilma com suas declamações

Ricardo Stuckert

Lula ao lado de Fernando Pimentel (PT), na casa de Guimarães Rosa, em Cordisburgo

Cordisburgo (MG) – “Vivo em Cordisburgo uma grande emoção. É o encontro de dois grandes brasileiros. Na minha opinião, nosso maior escritor e nosso maior líder político”, disse ontem (29), o ex-ministro e deputado federal Patrus Ananias (PT-MG), ao acompanhar a caravana do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na “cidade do coração” (cordis, em latim, é coração, e burgo, cidade), no norte de Minas Gerais, onde nasceu o escritor Guimarães Rosa. 

Patrus esteve, ao lado de Lula, do governador de Minas, Fernando Pimentel (PT), da presidenta eleita em 2014, Dilma Rousseff (PT), além de outras lideranças do partido, na casa de Guimarães Rosa, autor de obras como Grande Sertão: Veredas (1956), Corpo de Baile (1956) e Sagarana (1946). “Guimarães Rosa identifica a pobreza nas Gerais, no sertão de Minas, e fala, sobretudo, da ausência do Estado”, diz o deputado, prefeito de Belo Horizonte de 1993 a 1997.

“Algumas pessoas dizem que o Guimarães não se interessava por política. Não é verdade. Claro que ele não é um autor doutrinário, panfletário, mas ele trata de questões políticas em seus livros (…) Hoje, temos o encontro de Guimarães com essa caravana cívica do presidente Lula. Caravana que está percorrendo o Brasil, os caminhos de Minas, resgatando o que consideramos fundamental, a dimensão da nacionalidade, da cidadania”, completou o deputado.

Advogado com carreira ligada a questões sociais, Patrus já publicou artgiso sobre a obra de Rosa. Tal conhecimento foi lembrado por sua companheira de partido Dilma Rousseff. “Estou olhando um grande conhecedor de Guimarães Rosa: Patrus Ananias. É comovente. Ele interpreta essa imensa poesia que existe em cada um dos contos e cada um dos grandes livros”, disse.

Dilma afirmou, em Cordisburgo, também ser leitora do escritor. “Tenho um amor perdido por alguns (livros). Acredito que o Grande Sertão: Veredas mostra a luta daqueles que lutam. Da luta incansável daqueles que lutam. Hoje, no Brasil, estamos em um momento muito especial. De nós é exigido resistir”, disse a ex-presidenta ao lamentar seu impeachment no ano passado e a ascensão de Michel Temer (PMDB), “o usurpador golpista que ocupa o Planalto e está tentando tirar conquistas de todos nós”.

Veja os depoimentos de Dilma Rousseff e Patrus Ananias

 

Como Lula tem repetido ao longo de sua caravana, o objetivo central da viagem é dialogar com os moradores das regiões visitadas. Na terra de Guimarães Rosa não foi diferente. “Estamos muito contentes com a visita do Lula na nossa cidade. É uma oportunidade. Nós, conterrâneos de Guimarães Rosa, temos esse privilégio de termos Lula conosco, mostrarmos um pouco de nossa cultura”, disse a nutricionista Amanda Loiola Castro, que acompanhou a visita do ex-presidente.

“Os jovens aqui dependem de Lula, a população depende de Lula. Precisamos e temos esperança de que nossa cidade vai melhorar, o turismo, a cultura, então, acreditamos em Lula em 2018”, completou Amanda, nascida e criada em Cordisburgo, estava no ato que lotou a rua em frente ao Museu Casa Guimarães Rosa. Acompanhada de uma turma animada de amigos, com uma camiseta saudando a passagem do ex-presidente, queria justamente agradecer essas ações do governo petista: formou-se Nutricionista pela Unifem, centro universitário de Sete Lagoas, graças ao ProUni.  

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Amanda e Michelle (esq), chegaram cedo para ocupar a praça. Mylllena e Patrus, gerações de estudiosos

O desejo era o mesmo de Michelle Patrícia Evangelista, que foi de Sete Lagoas a Cordisburgo para ver o ex-presidente. “Ele mudou a minha vida, só isso já basta para estar aqui.” A professora, de 39 anos, esperava desde as 13h30, a passagem da caravana que chegou por volta de 18h. “Meus filhos estudam em escola boa, eu consegui comprar um carro zero por causa do salário que melhorou muito depois dele. Fiz faculdade. Muita coisa.”

A caravana encontrou jovens com profunda ligação com a cultura. É o caso da contadora de histórias Myllena Bolina Marques. “Faço parte do grupo de contadores de histórias Miguilim, que tem o objetivo de divulgar a vida e a obra do Guimarães Rosa. É um projeto com jovens da cidade que trabalhamos decorando trechos da obra dele e acompanhando os turistas quando eles vêm ao museu”, disse da casa em que Guimarães viveu na infância, desde 1974 transformada em museu.

“Acompanhamos os turistas explicando sobre a vida e obra dele e no final narramos trechos dos livros. Também fazemos apresentações com recortes dos livros. É um trabalho de jovens que entram no grupo com mais ou menos dez anos e está sempre de geração em geração. Saímos com 18 anos, para trabalhar e estudar. É um grupo que está sempre se renovando, já temos oito gerações. O grupo foi formado por uma prima do Guimarães Rosa em 1996”. Myllena Bolina Marques, 17 anos, estudante nascida em Cordisburgo, é Miguilim há quase oito. Aos 18 terá de deixar o grupo.

Veja a Miguilim Myllena apresentar a casa de Guimarães Rosa:

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A visita de Lula e sua comitiva desfrutou o legado de Guimarães Rosa nas imagens e nas leituras de sua obra

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