SOB JULGAMENTO

Marun, relator da CPMI da JBS, é réu em processo por improbidade

Deputado ligado a Temer e do grupo de 'fieis' de Eduardo Cunha está sendo processado por lesão ao erário em R$ 16,6 milhões no período em que atuou no governo do Mato Grosso do Sul

Antonio Augusto / Câmara dos Deputados

Marun: articulação de bastidores por lideranças da base aliada, a mando da equipe de Michel Temer

Brasília – O deputado Carlos Marun (PMDB-MS), relator da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) da JBS, enfrenta processo por improbidade administrativa na Justiça do Mato Grosso do Sul. Esse fato mostra que não foi em vão a confusão provocada na Câmara, duas semanas atrás, quando Marun foi escolhido para a relatoria. Seu nome foi criticado e chamado de “jogo de cartas marcadas” por oposicionistas, pelo fato dele ser considerado aliado de primeira grandeza de Michel Temer e um dos parlamentares mais ligados ao ex-presidente da Câmara, Eduardo Cunha – tendo sido, inclusive, o primeiro a visitar Cunha na prisão.

Sua indicação para a relatoria foi vista como resultado de uma articulação de bastidores por lideranças da base aliada, a mando da equipe de coordenação política do Palácio do Planalto. E, com o argumento de falta de isenção, chegou a ser questionada do ponto de vista regimental pelo deputado Glauber Braga (Psol-RJ).

Marun agora é réu em processo no qual é acusado, em conjunto com outros 13 réus, de crime de improbidade administrativa por causar lesão ao erário em valores estimados em R$ 16,6 milhões no período em que foi presidente da Agência de Habitação Popular de Mato Grosso do Sul (Agehab). Ele ocupou tal cargo no governo do então governador daquele estado, André Pucinelli (PMDB).

O processo tramita, desde junho de 2013, na 1ª Vara de Direitos Difusos, Coletivos e Individuais Homogêneos da Justiça de Mato Grosso do Sul e se encontra na fase de recebimento da contestação dos réus.

Ao falar sobre o tema ao jornal Estado de São Paulo, o deputado confirmou a informação, disse que está se defendendo e que tem certeza “que o processo resultará na minha absolvição”. A ação contra ele já foi comentada durante uma das reuniões da CPMI, entre os integrantes do colegiado da comissão. E recebeu como resposta, por parte do deputado, o argumento de que o processo ainda está correndo – ou seja, não há condenação contra ele.

Quebra de sigilo

Nesta terça-feira, a CPMI vai votar a quebra do sigilo dos e-mails e dos telefones do ex-procurador Marcello Miller. O objetivo é apurar, por meio da avaliação destes dados, se Miller orientou a delação da JBS ainda quando atuava na como braço direito do ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot. O requerimento, de autoria do presidente da CPMI, senador Ataídes Oliveira (PSDB-TO), também alcança o empresário Joesley Batista e o executivo Ricardo Saud, da JBS.

Ontem, o diretor-geral da Polícia Federal, Leandro Daiello, cedeu dois delegados para apoiar a investigação sobre o caso, além de se comprometer com o compartilhamento de informações com a comissão.

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