Estatal

CPI que investiga desmonte da Petrobras começa na Assembleia do Rio

Venda de ativos da empresa também foi tema de audiência pública no Legislativo da Bahia

Arquivo/EBC

Plano de Negócios da Petrobras prevê a venda de US$ 21 bilhões em ativos até 2018

São Paulo – Na primeira sessão da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investiga o desmonte da Petrobras, ocorrida nesta quinta-feira (3) na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro, trabalhadores, sindicalistas e engenheiros da estatal denunciaram a venda de ativos e os seus impactos para a população. Também devem depor à CPI o atual presidente da Petrobras, Pedro Parente e o diretor executivo da estatal Roberto Moro, além do senador Roberto Requião (PMDB-PR).

“A empresa está sendo desmontada a uma velocidade absurda, a toque de caixa. Inclusive estão fazendo uma série de vendas de ativos estratégicos, sem licitação, e isso, com certeza, vai prejudicar muito não só os trabalhadores da Petrobras”, pontua a diretora do Sindicato dos Petroleiros do Rio de Janeiro (Sindipetro-RJ) Natália Russo. 

A CPI é presidida pelo deputado Paulo Ramos (Psol), que defendeu a importância da estatal para a soberania nacional. “O petróleo ainda é, e será por muitos anos, a principal fonte de energia para o mundo, e o Brasil, que vem descobrindo mais reservas de petróleo, não pode, de forma alguma, entregá-lo a interesses escusos e conhecidos”, afirma.

O Plano de Negócios e Gestão da Petrobras 2017-2021 prevê a venda de US$ 21 bilhões em ativos até o próximo ano.  O vice-presidente da Associação de Engenheiros da Petrobras, Fernando Siqueira, destaca que a gestão Parente promove a desnacionalização da petrolífera. Como exemplo, citou a venda do campo de Carcará à empresa estatal da Noruega. Com estoque estimado em 3 bilhões de barris de petróleo, foi vendida por US$ 2,5 bilhões. “Ou seja, menos de um dólar por barril”, ressalta o engenheiro.

Bahia

A venda de ativos e o desmonte da estatal também foi tema de audiência pública na Assembleia Legislativa da Bahia. Para o Sindicato dos Petroleiros da Bahia (Sindipetro-BA), o desmonte planejado, para o estado, é completo. 

“Passa pelo refino, com a refinaria Landulfo Alves, passa pelos campos produtores de petróleo e gás, no Recôncavo, onde a Petrobras pretende vender à iniciativa privada esses campos, passa pela venda da Fafem, nossa fábrica de fertilizantes no Polo Petroquímico, e também pelo desmonte no setor de energia, com as termoelétricas, e o transporte de derivados de petróleo, com a Transpetro”, afirma Radiovaldo Costa, dirigente do Sindipetro-BA.

O ex-governador baiano Jaques Wagner (PT) vai além, e diz que a tentativa de desmonte abarca todo o conjunto da indústria nacional, que tem a Petrobras como centro. “Esse governo que está aí, e aqueles que o apoiam, tem uma decisão, que a cada dia fica mais clara e evidente, que é desmontar toda parte da indústria e da inteligência brasileira, particularmente da Petrobras, que sempre foi o esteio de toda a industrialização brasileira”, aponta.