desmonte em são paulo

Coordenador de Integridade da Controladoria se demite em protesto por decisão de Doria

Titular da Coordenadoria de Integridade do órgão considerou que a demissão da Controladora Geral do Município ataca a autonomia da instituição

Suamy Beydoun/Agif/Folhapress

Prefeito decidiu pela demissão da Controladora Geral, mas outro servidor se revoltou com a medida

São Paulo – O coordenador de Promoção da Integridade da Controladoria Geral do Município (CGM) de São Paulo, Thomaz Anderson Barbosa da Silva, pediu demissão do cargo ontem (17), em protesto contra a decisão da gestão do prefeito da capital paulista, João Doria (PSDB), de demitir a Controladora Geral do Município, Laura Mendes Armando de Barros. Ambos assumiram seus cargos há oito meses, depois que o prefeito rebaixou a CGM a órgão da Secretaria Municipal de Justiça, sob chefia do advogado Anderson Pomini. Silva é doutorando em Administração Pública e Governo na Fundação Getúlio Vargas.

“Faço esse pedido motivado pela convicção de que os órgãos públicos de controle interno devem ter sua autonomia técnica preservada, questão claramente desrespeitada pelo atual secretário municipal de Justiça ao decidir pela exoneração de Vossa Senhoria sem qualquer fundamentação plausível”, escreveu Silva, em carta de demissão endereçada a Laura Mendes. Segundo informações de servidores da pasta, o agora ex-coordenador entende que a CGM vai perder autonomia de atuação com a mudança de comando.

A Coordenadoria de Promoção da Integridade atua de forma preventiva, promovendo a transparência e fomentando a participação da sociedade civil na prevenção da corrupção. Além disso, atua na promoção da ética das instituições públicas e dos servidores. A atuação de Silva na coordenadoria promoveu formações para cerca de 300 servidores, além de garantir a inclusão de ações de transparência e abertura de dados no Programa de Metas da prefeitura (2017-2020).

Laura Mendes é procuradora municipal de carreira e foi demitida para que o cargo seja ocupado pelo advogado Guilherme Rodrigues Monteiro Mendes, que atuava como ouvidor geral do município, aliado de Doria. Ela deixa o cargo apenas duas semanas depois da abertura da investigação da máfia da que recebia propina para burlar a Lei Cidade Limpa.

A gestão Doria justificou a demissão como uma medida “administrativa”. “A substituição se dá por razões administrativas operacionais e a prefeitura reconhece e agradece os bons resultados obtidos por ela nos oito meses em que ficou à frente do órgão. Todos os processos e investigações abertos durante esse período terão continuidade, garantindo a independência da Controladoria conforme determina a legislação”, diz a Prefeitura, em nota.

Confira a carta de demissão do coordenador de Promoção da Integridade da Controladoria Geral do Município (CGM) de São Paulo, Thomaz Anderson Barbosa da Silva: