Reformas

Presidente da central CSB anuncia desfiliação do PMDB: ‘Vergonha e indignação’

'Não temos mais um governo. O Poder Executivo e parte do Legislativo foram transformados num bunker para evitar a queda daqueles que se especializaram em agir em benefício próprio', afirma

CSB

Neto: ‘Pequena corte palaciana passou a atuar como tropa de choque de uma casta improdutiva e estúpida’

São Paulo – O presidente da central CSB e do Núcleo Sindical do PMDB, Antonio Neto, anunciou, em carta, sua desfiliação do partido, o mesmo de Michel Temer, depois de mais de 30 anos. O principal motivo são as reformas do governo. A CSB era uma das entidades sindicais favoráveis ao diálogo com o Executivo.

Em carta datada desta segunda-feira (3) e endereçada ao presidente interino da legenda, Romero Jucá, o sindicalista afirma que não há como permanecer em um partido que, “sob o comando de uma pequena cúpula, que afronta o programa partidário; ignora os anseios e a vontade do povo; promove a destruição da Constituição de 1988; enxovalha a democracia duramente conquistada; desrespeita e desmoraliza os Poderes da República; rasga os direitos trabalhistas e sociais; avilta os direitos previdenciários e enterra os sonhos da construção de uma Nação mais justa e igualitária”.

Neto ressalta o protagonismo histórico do PMDB (“o conciliador, o propositor e o formulador”)  no período de redemocratização do Brasil e na Constituinte de 1988. Afirma que “em certa medida, sintetizou a representação coerente dos mais diversos segmentos da sociedade brasileira”. No ano passado, chegou ao poder “por meio de um processo parlamentar contra a presidente eleita democraticamente” prometendo, segundo ele, a conciliação nacional e o diálogo, com um programa que modernizaria o sistema produtivo, criando empregos e preservando direitos.

Ele lembra que parte do movimento sindical se dispôs ao diálogo. Quatro centrais sindicais participaram de negociações com o Executivo – CUT e CTB se recusaram, acusando o governo de golpista, pelo impeachment de Dilma Rousseff. “Desde o princípio, tentamos produzir uma proposta consensual que efetivamente promovesse alterações e modernizações saudáveis para o País e para o mercado do trabalho”, afirma na carta a Jucá, que também é líder do governo no Senado.

Mas isso não se efetivou, acrescenta. “Tão logo esquentaram a cadeira, uma pequena corte palaciana, por interesses e conchavos impublicáveis, até mesmo por sobrevivência indulgente, passou a atuar como tropa de choque de uma casta improdutiva e estúpida, que quer impor ao Brasil a ampliação da exploração do homem sobre o homem, implodindo a economia do País e o jogando no caos social, que envergonha todo e qualquer cidadão que tenha o mínimo de sensibilidade”, critica o dirigente.

“Para atender aos interesses de grandes grupos econômicos e do setor financeiro, impôs ao Parlamento e à sociedade brasileira uma reforma previdenciária e trabalhista que devasta por completo todo e qualquer direito dos trabalhadores”, acrescenta Neto. “Digna de governos autoritários, diante da majoritária repulsa do povo brasileiro, o governo tenta aprovar tais medidas, expondo o parlamento brasileiro a um vexatório papel de subscritor de deletérias alterações legislativas, que causarão sofrimento, fome, desregulamentação do mercado de trabalho e até mesmo o óbito político de muitos que seguirão cegamente o caminho do abismo.”

Segundo o presidente da CSB, não há mais governo. “O Poder Executivo e parte do Legislativo foram transformados num bunker para evitar a queda daqueles que se especializaram em agir em benefício próprio”, afirma. Ele afirma que não há como um “peemedebista consciente” não sentir “vergonha e indignação” diante da prática de uma “pequena organização que tomou de assalto o poder e considera que as reformas de subtração dos direitos do povo são o único caminho para postegar a sua derrocada”.

Neto afirma que alguns dirigentes estão “matando politicamente” o PMDB “e enxovalharam a memória e a trajetória dos principais líderes que doaram seu sangue pela construção de uma Pátria justa”.

 

 

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