Efeito bumerangue

Para Lula, PMDB e PSDB colhem a tempestade que plantaram desde 2013

Ex-presidente afirmou que Temer e aliados culpam o trabalhador pela 'desgraça' do país. Sobre Lava Jato, diz que procuradores se 'encalacraram' com mentiras e agora 'não têm o que entregar'

Ricardo Stuckert

Lava Jato tenta mais uma condenação contra Lula

São Paulo – Um dia depois de o plenário do Senado ter aprovado pedido de urgência para votação do projeto da reforma trabalhista, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva declarou que o governo de Michel Temer (PMDB) e os partidos que lhe sustentam responsabilizam os direitos dos trabalhadores pela “desgraça” do Brasil.

“PMDB e PSDB estão colhendo tempestade. Plantaram isso desde 2013, vendendo facilidade e culpando o PT por tudo. Agora eles dizem que a culpa da desgraça do Brasil é o trabalhador ter férias, é o trabalhador ter aposentadoria… Eu provei que o pobre não é o problema desse país. Quando ele é inserido no orçamento, ele é a solução. Essa gente não sabe o que fazer. Só sabem cortar no pobre, e no rico não corta absolutamente nada. Tive o prazer de ser presidente no momento em que o brasileiro era o povo mais otimista do mundo e acredito que pode voltar a ser”, declarou Lula, em entrevista concedida hoje (5) à rádio Arapuan, da Paraíba.

Sobre as acusações que pesam sobre Temer, o ex-presidente disse que a lei vale pra todos, mas é preciso que os acusadores apresentem provas. No caso das acusações contra ele próprio, o líder petista disse que há delatores mentindo e que alguns procuradores se meteram numa “encalacrada”.

“Os procuradores da (Operação) Lava Jato estão numa encalacrada, se comprometeram com mentiras e agora não tem o que entregar. Já provei minha inocência, eles agora têm que provar minha culpa”, avaliou.

Na entrevista, o ex-presidente também defendeu o papel do Estado como indutor da economia, afirmando que a Caixa Econômica Federal, BNDES e Banco do Brasil precisam voltar a agir como bancos públicos. “É preciso acabar com essa bobagem de que o Estado tem que ser fraco. O Estado tem que ser forte, tem que interferir como indutor da economia.”

Em cerca de 30 minutos de entrevista, Lula ainda ponderou ser complicado refazer as mesmas alianças das vitórias petistas nas últimas eleições para o próximo pleito, embora também não seja possível “governar sozinho”.

“As alianças vão depender de um programa para recuperar a economia. Sonho em construir um bloco de esquerda, mas primeiro vamos ver se vou ser candidato. Vamos construir uma aliança política com base num compromisso programático para o Brasil, sobre o que fazer na economia, na agricultura, na educação e saúde. Tenho certeza que vamos encontrar as pessoas certas para governar esse país, o que não dá é ver o desencanto do povo”, afirmou.

Confira a entrevista completa: