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‘Líder do PSB força sua posição e conspira contra própria bancada’, diz Júlio Delgado

Júlio Delgado (PSB-MG) afirma que PSB está fora do governo Temer e que a líder Tereza Cristina articula grupo da legenda para migrar para DEM ou PMDB

Luis Macedo/Câmara dos Deputados

Delgado: “Forma de atuar de Temer é a mesma de Eduardo Cunha para se manter na presidência da Câmara’

São Paulo – Segundo o deputado Júlio Delgado (PSB-MG), a líder do partido na Câmara, Tereza Cristina (MS), não pode mais liderar a bancada após as negociações para levar parte dos deputados da legenda ao PMDB de Michel Temer ou ao DEM do presidente da casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ). “Ao articular esse movimento de saída do PSB, forçando a posição de líder que ela tem para conspirar contra a própria bancada que lidera, ela perdeu as condições de conduzir a bancada”, diz Delgado.

“Se ela tem disposição, junto com essa turma, de sair, se o mais importante para eles é ficar no governo, seja do Temer, seja do Maia, do que lutar por uma conduta partidária, eles que vão e deixem o caminho. Tem muita gente boa para entrar.”

O deputado diz que “não existe nenhum imbróglio envolvendo o PSB” no caso dos cerca de dez parlamentares que negociam trocar o partido por PMDB ou DEM. Durante toda a semana noticiou-se um “mal-estar” provocado inicialmente pelo presidente Michel Temer, após ele se reunir com a líder Tereza Cristina, no início da semana, para tentar seduzir os insatisfeitos da sigla a migrar para o PMDB, o que irritou o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), que também conversava com “descontentes” do PSB.

“Para nós não tem imbróglio nenhum. Da nossa parte, o PSB não está no governo Temer, assinamos o impeachment e decidimos pela maioria da bancada votar favorável à denúncia (da Procuradoria-Geral da República contra Temer)”, diz Delgado. Ele reconhece que dois parlamentares “descumpriram” a decisão na Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJ) no dia 13, quando o colegiado rejeitou a denúncia. Os deputados Danilo Forte (PSB-CE) e Fabio Garcia (PSB-MT) votaram a favor de Temer.

Um dos nomes que podem ir para o PSB é o ex-ministro da Defesa Aldo Rebelo (PCdoB). As negociações em torno de seu embarque na legenda são feitas a partir de São Paulo e da direção nacional.

Delgado discorda de números divulgados pela imprensa segundo os quais cerca de metade dos 36 deputados da bancada do PSB mantêm apoio a Temer. “Não é metade. A votação da reforma trabalhista mostrou isso. Dos que estavam no plenário, que eram 32, dois se  abstiveram, 16 votaram contra e 14 a favor. Eles estão em torno desses 14. Mas, desses 14, dois ou três têm muita dificuldade de sair do PSB por questões regionais.”

Para o parlamentar, o ponto a que chegou o governo Temer faz com que a opção Rodrigo Maia possa ser inevitável. “É melhor do que alguém (Temer) que está usando a estrutura da presidência para se manter no poder. O que vamos fazer se o Rodrigo é o presidente da Câmara e está na linha sucessória? Espero que ele possa fazer diferente do que o Temer teve oportunidade de fazer e não fez.”

Para Delgado, Temer “demonstra claramente” que sua forma de atuar como presidente da República é a mesma utilizada por Eduardo Cunha para se manter na presidência da Câmara.

Ele avalia que o aumento das alíquotas de PIS e Cofins sobre combustíveis e o contingenciamento de R$ 5,9 bilhões de despesas não obrigatórias do Orçamento, medidas adotadas nesta quinta (21), mostram a dificuldade crescente de Temer. “Isso vai repercutir na vida de todo mundo. Eles acabaram de demonstrar o quanto estava custando salvar a pele do Temer e o maior símbolo disso é a volta do pato à Avenida Paulista, demonstrando claramente que pode haver um abandono, agora do setor empresarial, que ainda sustentava o Temer, e a situação dele continua muito complicada”, diz Delgado. 

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