Reforma trabalhista

Na CCJ, após renúncia, Renan critica projeto e diz que governo optou pela recessão

O agora ex-líder do PMDB cita Getúlio e diz não entender tramitação do texto trabalhista. Antigo aliado, Antonio Carlos Valadares (PSB-SE) também ataca a proposta, assim como Kátia Abreu (PMDB-TO)

Marcos de Oliveira/Agência Senado

‘O Brasil não vai respeitar que erremos’, diz Renan, sobre o Senado abrir mão de alterar projeto que veio da Câmara

São Paulo – Minutos depois de anunciar no plenário sua renúncia à liderança do PMDB no Senado, Renan Calheiros (AL) dirigiu-se à Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania, onde se discute o projeto de “reforma” trabalhista (PLC 38), para criticar o texto e afirmar que o governo fez uma opção pela recessão e pelo desemprego. Ele comparou a crise política atual à de 1954, quando o então presidente, Getúlio Vargas, acuado, suicidou-se no Palácio do Catete, no Rio de Janeiro, a capital federal.

“O que eu temo com o Temer é que ele perca a condição de construir uma saída para o país. Não defendo a sua permanência pela permanência, nem a saída pela saída. Tem de significar algum avanço político-institucional para o Brasil”, afirmou Renan na CCJ, defendendo um “plano econômico de emergência”, em vez de optar pela “contração, pela recessão e pelo desemprego”.

Classificando o atual governo como sendo “da improvisação”, disse recear que aconteça com Temer o que aconteceu com Getúlio. Imediatamente, fez a ressalva de que não se referia a um tiro no peito, mas garantir avanços ao país: “É perder a oportunidade de fazer a travessia”. Ele tornou a apontar a “influência deletéria”, no governo, do ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ). 

No final do rápido pronunciamento na CCJ, fez referência ao PLC 38 e criticou o fato de o governo trabalhar para derrubar emendas, para que o texto não volte à Câmara. “O Senado não poder alterar uma proposta na Câmara, porque isso afeta o calendário do governo, que ninguém sabe quanto tempo terá… Não entendo o porquê dessa proposta ser levada adiante nesta comissão, com punição de companheiros. O Brasil não vai respeitar que nós erremos aqui por omissão.”

Pouco depois, o senador Antonio Carlos Valadares (PSB-SE) disse que, por melhor que fosse a intenção, a carta de Michel Temer se comprometendo a vetar itens do projeto “não tem nenhuma validade, porque não é acompanhada do texto da medida provisória, pelo menos o anteprojeto”. Nesta semana, Valadares comunicou seu rompimento com o governo devido a “métodos truculentos e ultrapassados adotados pelo governo federal para conquistar apoio no Congresso Nacional” para aprovar as reformas trabalhista e da Previdência, esta em tramitação na Câmara.

Mesmo favorável a uma reforma da legislação, a senador Kátia Abreu (PMDB-TO) criticou o projeto. “Não acho legítimo, não acho digno fazer uma reforma dessa diante do que estamos vivendo”, afirmou, referindo-se à crise política.

 Leia mais:

Leia também

Últimas notícias